Gravar em 4K faz sentido mesmo que você não tenha uma tela UHD?

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

27/10/2014 - 15:303 min de leitura

Gravar em 4K faz sentido mesmo que você não tenha uma tela UHD?

Fonte : Phone Arena

Imagem de Gravar em 4K faz sentido mesmo que você não tenha uma tela UHD? no site TecMundo

O 4K (ou Ultra HD) é mesmo uma resoluçao impressionante — só pensar em 3840 x 2160 pixels ou algo com quatro vezes mais elementos que o Full HD em uma única tela já é algo assustador.

E é curioso como, ao mesmo tempo, essa tecnologia está perto e longe dos consumidores: enquanto uma série de smartphones no mercado (sem contar câmeras e filmadoras mais especializadas) já gravam vídeos em 4K, televisores que suportem o formato ainda são escassos ou, por conta do preço, artigo de luxo e para poucos.

Ainda assim, pode ser um bom negócio começar agora mesmo a fazer gravações em 4K, caso você tenha essa oportunidade, seja para uso profissional ou aproveitamento desse conteúdo no futuro. Abaixo, você confere o porquê.

Nos mínimos detalhes

Muita gente não consegue acreditar que o 4K é uma resolução quatro vezes maior que o Full HD — e elas podem até estar certas. É preciso notar que "maior" é quantidade em pixels, o que não é traduzido necessariamente em qualidade. Sem contar que são vários os fatores que influenciam além dessa tecnologia: as configurações da televisão, a iluminação do ambiente e até a qualidade da visão da própria pessoa.

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Ainda assim, em testes comparativos, são muitas as pessoas que conseguem apontar a diferença entre o Full HD e o Ultra HD. Além disso, o espaço deixa cada vez mais de ser um problema: cartões de memória com mais capacidade e o amazenamento na nuvem só crescem, o que significa que até algumas gravações de maior duração podem ser guardadas em algum dispositivo.

Melhores cores mesmo após conversão

Pode parecer esquisito, mas é verdade: um conteúdo em 4K que é reduzido para reprodução em 1080p tem uma qualidade melhor do que uma gravação nativa neste mesmo Full HD.

undefinedNo croma subsampling do 4K, em 4:4:4, a qualidade é notável mesmo após redução de resolução.

O segredo está no processo de transporte de cores de uma resolução para outra, o chamado chroma subsampling. De forma extremamente resumida, quando isso ocorre durante a conversão, cada pixel resultante continua carregando o mesmo "valor" de cores de antes (sample 4:4:4, contra 4:2:0 em outros casos). Ou seja, há muito mais cores captadas pelo 4K, que fazem a diferença mesmo após a redução.

Preservação de memória

Se você tem algumas fitas VHS com gravações caseiras da infância, sabe que a qualidade não é das melhores. A imagem provavelmente está granulada e com falhas e o som é todo cortado, isso se ela tiver sobrevivido até 2014. A questão da durabilidade de uma tecnologia e da "sobrevivência" de materiais é importante: quem gostaria de perder memórias porque a mídia em que ela estava armazenada ficou obsoleta?

undefinedSó alguns dos exemplos de cartões que aceitam bastante material e suportam o 4K

Gravar hoje em 4K faz com que o conteúdo capturado tenha uma durabilidade bastante considerável. Como essa resolução ainda não é o padrão da maioria dos dispositivos, vai demorar alguns anos até que ela seja padronizada e muitos outros até que ela seja considerada de má qualidade — se é que isso vai acontecer algum dia. As mídias também tendem a melhorar (sem contar o armazenamento em nuvem), o que significa que perder conteúdos é algo cada vez mais raro.

Por isso, mesmo que você não assista às suas produções hoje em uma tela 4K, em breve isso deve ser possível e, caso o conteúdo não esteja na melhor qualidade, esse formato pode fazer falta no futuro.

Mais fácil de alterar

Quem trabalha com edição de vídeo ou pretende modificar o conteúdo gravado também tem a se beneficiar do formato. Como há uma quantidade absurda de informações processadas na imagem em 4K (quatro vezes mais que ), isso também amplia as possibilidades de alterações. O vídeo abaixo, feito para promover uma câmera da Panasonic, explica bem esse caso.

Cortes e efeito de zoom na tela (para modificar o enquadramento de uma cena, por exemplo) podem ser feitos mais facilmente e sem comprometer a qualidade de todo o trabalho, já que há uma quantidade bastante considerável de pixels para serem corrigidos ou manipulados. Efeitos como estabilização de imagem e câmera lenta também podem ser aplicados com um resultado muito melhor. Imprimir frames gravados em 4K também garante um retrato aprimorado.


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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