Japão pretende despejar no mar água do reator de Fukushima

Por Julia Marinho

16/10/2020 - 16:301 min de leitura

Japão pretende despejar no mar água do reator de Fukushima

Fonte :  AFP/Kazuhiro Nogi/Reprodução 

Imagem de Japão pretende despejar no mar água do reator de Fukushima no tecmundo

A usina nuclear de Fukushima Daiichi tem hoje dois depósitos de material radioativo: o de terra, constantemente tirada da superfície para acelerar a descontaminação, e o da água que resfria o reator derretido – esta, o governo japonês pretende lançar ao mar. A decisão, a ser tomada até o fim deste mês, tem sido questionada por ambientalistas e, principalmente, por pescadores.

Desde 2011, quando um terremoto e um tsunami provocaram um dos piores desastres nucleares da história moderna, a água usada para resfriar o reator danificado tem se acumulado. Diariamente, 170 toneladas fluem para tanques de tratamento, onde a água é processada para eliminar a maioria dos isótopos radioativos, menos o trílio, que é relativamente menos tóxico.

Ao fim de 2022, não haverá mais tanques vazios para o armazenamento de água na usina de Fukushima.Ao fim de 2022, não haverá mais tanques vazios para o armazenamento de água na usina de Fukushima.

Ao fim de 2022, porém, não haverá espaço para armazenamento (em setembro, Fukushima acumulava 1,23 milhão de toneladas de água contaminada, repousando em 1.044 tanques). A urgência cresce porque, além daquela usada no resfriamento, também são armazenadas a água subterrânea e a chuva que cai sobre a usina.

Dois anos é o tempo que levará para o governo fazer as obras necessárias para o descarte. Antes de ser liberada, a água seria diluída para até 1/40 da concentração atual. O descarte demoraria 30 anos para ser completado.

Padrão global de descarte

Em fevereiro, durante uma visita à usina, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, disse que “o lançamento da água contaminada no mar é comum em usinas nucleares em todo o mundo”.

Mesmo assim, as comunidades de pescadores temem a medida. Países como a Coreia do Sul ainda restringem as importações de produtos agrícolas e pescado japoneses.

Para o presidente da federação nacional de cooperativas de pesca JF Zengyoren, Hiroshi Kishi, “liberar a água prejudicará a luta de quase uma década para reerguer a indústria pesqueira da região. Nossos esforços podem ter sido em vão".

Veja também