Atividade física protege cérebro de substâncias perigosas, mostra estudo
Por JORGE MARIN
26/11/2022 - 03:00•2 min de leitura
Fonte : Shutterstock
Imagem de Atividade física protege cérebro de substâncias perigosas, mostra estudo no tecmundo
Um projeto temático conduzido desde junho de 2019 por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) já recebeu seis premiações nacionais e internacionais ao propor uma solução conhecida e simplória para o controle da hipertensão arterial: o exercício físico.
O reconhecimento da comunidade científica não é, no entanto, pela solução lógica, mas sim como isso ocorre. Em indivíduos hipertensos ou portadores de insuficiências cardíacas, dizem os cientistas, o treinamento aeróbico consegue melhorar o fluxo sanguíneo, ao prevenir danos à chamada barreira hematoencefálica.
A barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura que inibe a passagem de substâncias do sangue para o sistema nervoso central, impedindo a entrada nesse local – que se isola imunologicamente do resto do organismo – de substâncias tóxicas, anticorpos, hormônios plasmáticos e fatores de coagulação. Quando em excesso, algumas dessas substâncias podem levar à disfunção autônoma e ao desequilíbrio da circulação sanguínea.
Barreira hematoencefálica e atividade física
Fonte: Shutterstock/Reprodução.
A BHE é composta por células endoteliais que ficam alinhadas com o capilar cerebral, que é formado pelo endotélio e uma fina membrana basal. Essa barreira possui junções oclusivas com uma baixa permeabilidade que regula a passagem para o tecido nervoso, tanto de substâncias úteis para os neurônios como medicamentos e partículas tóxicas.
De acordo com a coordenadora do Laboratório de Fisiologia Cardiovascular da USP, Lisete Compagno Michelini, nos indivíduos normais, essa passagem de macromoléculas, "através de vesículas sanguíneas, é bastante limitada". Mas, em hipertensos e portadores de insuficiência cardíaca, ocorre um aumento dessas vesículas em áreas autonômicas. Isso faz com que a BHE se torne mais permeável.
"Por outro lado, observamos que o treinamento aeróbico reduziu em muito a formação dessas vesículas, além de normalizar a permeabilidade da barreira hematoencefálica”, explica Michelini em comunicado. Essas descobertas do projeto temático – que tem vigência até maio de 2024 – evidenciam a importância do treinamento físico para a melhora do controle neural da circulação. Isso significa menos remédios e menos efeitos colaterais.
ARTIGOS:
- American Journal of Physiology - DOI: 10.1152/ajpregu.00154.2020.
- Frontiers in Physiology - DOI: 10.3389/fphys.2021.773415.
- Frontiers in Physiology - DOI: 10.3389/fphys.2017.01048.