Astrônomos detectam ondas de rádio antigas de 8 bilhões de anos em explosão cósmica

Por JORGE MARIN

20/10/2023 - 08:302 min de leitura

Astrônomos detectam ondas de rádio antigas de 8 bilhões de anos em explosão cósmica

Fonte :  ESO/M. Kornmesser 

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Usando uma fonte detectada pelo Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), uma equipe internacional de astrônomos detectou a explosão rápida de ondas de rádio (FRB) mais distante já observada até hoje. Demorando 8 bilhões de anos para chegar até nós, o brevíssimo sinal de um milissegundo liberou energia equivalente à emitida pelo Sol em 30 anos.

Identificado no estudo como FRB 20220610A, o sinal remete a um aglomerado em fusão de duas ou três galáxias. De acordo com os pesquisadores, essa rajada rápida de rádio tem potencial para avaliar a quantidade de matéria oculta existente entre as galáxias, podendo apresentar, na prática, uma nova forma de 'pesar' o Universo

A abordagem se baseia em uma teoria apresentada em 2020 pelo astrônomo australiano Jean-Pierre "JP" Macquart. Ele demonstrou que quanto mais distante está uma FRB, mais gás difuso ela é capaz de revelar entre as galáxias. Esse princípio, que passou a ser conhecido como "relação de Macquart", significa que quanto mais longe é a origem da FRB, mais matéria ela encontrou, o que poderia ser uma pista para estimar a massa total do Universo.

Explosão de rádio em busca de matéria oculta no Universo

A FRB de 8 bilhões de anos foi detectada no Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP).A FRB de 8 bilhões de anos foi detectada no Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP).

Autoexplicativo, o termo "rajadas rápidas de rádio" são pulsos curtos e poderosos de ondas de rádio de fontes extragalácticas. Embora continuem sendo um mistério, pois suas origens não são conhecidas, a FRB atual pode trazer alguma luz nesse campo tradicional obscuro. 

A FRB 20220610A foi detectada pelo Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP), um conjunto de radiotelescópios instalados na Austrália Ocidental. 

Em um comunicado, o autor principal do estudo, Stuart Ryder, explicou que a variedade de pratos do ASKAP permitiu determinar com precisão a origem da fonte de rádio. “Depois utilizámos o Very Large Telescope (VLT) do ESO no Chile para procurar a galáxia fonte, descobrindo que ela era mais antiga e mais distante do que qualquer outra fonte FRB encontrada até esta data", concluiu o astrónomo do Universidade Macquarie.

'Sentindo' o material ionizado do Universo

Representação artística do percurso da rápida explosão de rádio FRB 20220610A.Representação artística do percurso da rápida explosão de rádio FRB 20220610A.

Com base nas descobertas de JP Macquart, que podem abranger mais da metade do Universo segundo as medições atuais, os cientistas pressupõem que a matéria perdida, ainda não detectada ou observada até hoje, pode estar “escondida” no espaço intergaláctico.  

A má notícia é que ela pode estar em uma forma tão dispersa e aquecida, que as técnicas hoje existentes de observação não são capazes de detectá-la.

Na falta da luz, as FRBs podem fazer essa tarefa pois conseguem “sentir” o material ionizado. “Mesmo no espaço quase perfeitamente vazio, elas podem 'ver' todos os elétrons, e isso nos permite medir quanta matéria existe entre as galáxias”, conclui o coautor Ryan Shannon, professor da Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália.

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Por JORGE MARIN

Especialista em Redator


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