Spammers: entenda como eles conseguem se aproveitar do seu email

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

21/07/2014 - 04:504 min de leitura

Spammers: entenda como eles conseguem se aproveitar do seu email

Fonte : WebForefront

Imagem de Spammers: entenda como eles conseguem se aproveitar do seu email no site TecMundo

Quem tem muitos endereços de email e checa caixas de entrada com frequência volta e meia encontra mensagens bastante suspeitas. Elas falam sobre arquivos anexos que nunca foram pedidos, saldos de bancos dos quais a pessoa não é cliente e as clássicas “fotos da festa”. Parece óbvio que é um vírus, mas há um problema: o remetente é um amigo ou parente. E agora?

Esse é um problema recorrente de quem é alvo ou vítima de phishing, o golpe que simula mensagens e páginas da internet em design, mas que existem apenas para copiar dados pessoais e senhas. Há quem receba dezenas dessas mensagens por semana, mesmo sem saber como a conta de email virou uma festa para esse tipo de spam.

O pior disso tudo? “Falsificar” um endereço de email e enviar mensagens em massa como se você fosse outra pessoa é uma tarefa bastante fácil para quem tem algum conhecimento na área e más intenções. Para saber como isso funciona, entretanto, primeiro é bom passar por uma aula de História.

O pioneiro SPF

Antes de 2003, o spam era um inimigo muito pior: cada servidor precisava lidar individualmente com as mensagens falsas. Naquele ano, surgiu o Sender Permitted Form (SPF), uma tentativa de criar um filtro eficiente e unificado na internet.

O SPF verifica se a mensagem é de um domínio autorizado. Cada vez que um email é enviado, o servidor compara o local de origem da mensagem com o que aparece no relatório do domínio desse destinatário. Se eles baterem, a mensagem passa — caso contrário, ele é marcado como spam e separado na sua caixa de entrada.

undefinedCom o SPF ativado, o servidor precisa ser confirmado primeiro antes da mensagem ser ou não enviada para a caida de entrada. Sem ele, a mensagem passa direto.

O problema é que esse “cadastro” de domínios é feito manualmente e exige administração constante, ou seja, alguém precisa atualizar sempre a lista de servidores, e essas mudanças precisam atingir todos os fornecedores de contas. Muitos adotaram, mas a maioria apostou apenas em versões mais leves do SPF, com medo de bloquear emails verdadeiros. Ou seja, algo mudou, mas poderia ser melhor.

A revolução do DMARC

E isso demorou para acontecer: o DMARC (Domain-based Message Authentication, Reporting & Conformance) é um protocolo instituído apenas em 2012 que promete filtrar melhor as mensagens, identificando quando o email é enviado no nome de outra pessoa sem autorização ou possivelmente abriga conteúdos maliciosos. Isso não significa o bloqueio de mensagens, mas um auxílio aos domínios.

O processo é mais completo e automático: ele instrui os servidores de recepção sobre como lidar com emails potencialmente falsos (rejeitando, colocando em quarentena ou deixando passar) e mostrando como eles podem encaminhar relatórios sobre mensagens falhas.

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Só que a história está boa demais para ser verdade, não é? Claro que existem obstáculos: para começar, registrar relatórios não é a prioridade dos grandes servidores, que estão mais preocupados em proteger a caixa de entrada dos clientes, não os emails enviados em nome deles.

Além disso, por ser recente, nem todos os sites e serviços adotaram o DMARC. O Google e o Facebook, por exemplo, fazem parte dos membros, mas inúmeros outros servidores ainda não são aliados desse protocolo. Quando um servidor tenta confirmar a veracidade de um remetente pelo DMARC, é necessário resposta. Ou seja: um email que tente se passar por esse servidor em questão consegue facilmente, já que não há uma instrução no DMARC para barrar determinados endereços em SPF— e eles seguem normalmente para a caixa de entrada das pessoas.

Mais fácil do que você imagina

Um bom exemplo do que acontece é o seguinte: nas cartas de papel, existe o envelope e o conteúdo em si. No golpe virtual, o criminoso usa um envelope falso com uma identificação de verdade (como o endereço do seu contato) para abrigar uma mensagem carregada de malwares ou phishing. Ou seja: não é que alguém invadiu a conta da pessoa para enviar a mensagem. O que acontece é uma espécie de falsificação.

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Tudo o que você precisa é de um servidor SMTP (ou seja, capaz de enviar emails) e um software de envio, como o PHP Mailer. Aí é só configurar a mensagem, preencher os endereços de remetente e destinatário e enviar. Poucos detalhes indicam a falsificação, a não ser que você analise o código-fonte da mensagem, que entrega que o envio não veio do mesmo domínio cadastrado – mas passou pelo filtro mesmo assim.

Pronto, é fácil assim. O site Lifehacker, que pediu para um especialista explicar o método e mostrá-lo na prática, recebeu mensagens falsas enviadas como se fossem contas dos próprios funcionários, algo surpreendentemente inseguro. Claro que o processo acima é apenas um resumo (faltam várias etapas e detalhes técnicos, não revelados para não incentivar o golpe), mas é basicamente essa a ação que resulta no envio de spam em massa usando seu nome.

O que eu posso fazer?

Segurança nunca é demais: às vezes, pequenas e rápidas ações podem fazer com que a sua caixa de entrada fique consideravelmente mais vazia quando o assunto é spam.

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Abaixo, confira algumas atitudes que ajudam a proteger você e seus contatos.

  • Não use sua conta pessoal ou profissional para qualquer coisa: tenha um endereço para deixar acumular essas bobagens, como para fazer cadastros em sites de pouca importância;
  • Tome cuidado com os anexos e links presentes nos emails. Sempre cheque antes de clicar qual o endereço de destino e o formato dos documentos (às vezes, ele até tem um nome como JPG, mas é, na verdade, um EXE;
  • Não ache que apenas porque o email não está na caixa de spam ele é seguro: mensagens “de verdade” podem cair na pasta de lixo e golpes acabam passando pelo filtro;
  • Evite logar em computadores públicos e, se possível, use o modo anônimo do navegador;
  • Tenha um aplicativo especializado na filtragem, como o cliente Eudora e o Comodo Anti-Spam;
  • Se você for o dono de um servidor de email, registre relatórios em DMARC para proteger as contas.


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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