Governo dos EUA pode usar tecnologia da IBM para deportar imigrantes

Por Marcelo Rodrigues

17/11/2017 - 09:212 min de leitura

Governo dos EUA pode usar tecnologia da IBM para deportar imigrantes

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Imagem de Governo dos EUA pode usar tecnologia da IBM para deportar imigrantes no tecmundo

É inegável que a IBM tem um dos portfólios de tecnologia mais abrangentes e avançados do mundo, com ferramentas e serviços capazes de coletar, analisar e oferecer insights em cima de uma tonelada de dados. A preocupação de muita gente, no entanto, é que todo esse poder de fogo seja usado para finalidades não tão justas ou moralmente aceitáveis. O medo parece justificado, já que o governo Trump pode vir a utilizar os recursos da empresa para aprimorar sua luta contra os imigrantes nos EUA.

De acordo com informações recebidas pela Reuters, a companhia teria atendido em julho uma sessão informal do governo americano para discutir como aperfeiçoar os sistemas que ajudam os Estados Unidos a identificar e vetar visitantes e cidadãos de outros países. A ideia do comitê de imigração seria a de utilizar tanto o machine learning quanto o monitoramento das mídias sociais para criar um perfil completo de cada indivíduo. A partir daí, ficaria mais fácil negar vistos e entradas no país e até mesmo selecionar pessoas para deportação sumária.

Claro que a mera menção de algo assim deixou a internet e as organizações de direitos humanos em polvorosa. Não demorou, então, para que uma petição online endereçada a Ginni Rometty fosse publicada na web, pedindo que a CEO da IBM não ajudasse o governo a “discriminar e deportar imigrantes”. Adicionalmente, mais de 50 grupos e especialistas técnicos enviaram cartas ao departamento de segurança nacional dos EUA para dizer que um processo automatizado de investigação, baseado em IA, é a receita ideal para a discriminação.

A resposta da empresa para tudo isso? Algo nos moldes de “não tirem conclusões precipitadas”. Um comunicado oficial da casa explicou que é comum que a IBM atenda esse tipo de sessão inicial de projetos governamentais, mas que isso não significa que a companhia efetivamente abraça ou mesmo está apta a participar de cada ideia apresentada. Mas isso também não quer dizer que a marca está completamente fora da jogada. “Como nenhum detalhe da licitação foi revelado ainda, é prematuro especular se a IBM vai buscar uma oportunidade ou propor um conceito”.

Não vai acontecer de novo

Porém, como a IBM tem uma mancha nada suave no currículo, por conta do seu envolvimento com o genocídio de judeus na Alemanha nazista, a empresa fez questão de frisar que coloca seus ideais acima de tudo na hora de fechar parcerias. “A IBM não trabalharia em nenhum projeto que atente contra os valores da nossa empresa, incluindo a nossa oposição de longa data à discriminação contra qualquer pessoa com base na raça, gênero, orientação sexual ou religião”. E aí, será que dá pra confiar que outra companhias vão ter a mesma atitude em relação ao caso?

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