Twitter: como o limite de visualização que irritou usuários pode prejudicar a rede?

Por Carlos Palmeira

03/07/2023 - 10:553 min de leitura

Twitter: como o limite de visualização que irritou usuários pode prejudicar a rede?

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Imagem de Limite de visualização no Twitter irrita usuários e pode prejudicar rede social no tecmundo

No último sábado (01), o proprietário do Twitter, Elon Musk, pegou muita gente de surpresa ao anunciar limitações temporárias nas visualizações de posts da rede social. O próprio executivo falou sobre o assunto em seu perfil após uma aparente instabilidade técnica.

Após se corrigir três vezes, por último ele explicou que contas verificadas poderiam ler 10 mil tweets por dia; contas não verificadas lerão 1 mil tweets/dia e contas recentes não verificadas apenas 500 tweets/dia.

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A decisão irritou várias pessoas que reagiram dizendo que o atual comandante da plataforma está fazendo de tudo para que o site seja esvaziado. Além disso, vários usuários destacaram que, ao contrário do Instagram e Facebook, aparentemente Musk quer que as pessoas passem menos tempo online no Twitter.

E como sempre acontece em medidas com bastante repercussão, o assunto também virou brincadeira. O site ficou lotado de memes e mesmo no início desta semana os usuários continuam falando sobre o assunto.

Confira, abaixo, um pouco das reclamações e piadas sobre os limites de visualização de tweets:

Medida estranha

Assim como tem acontecido desde o final do ano passado, quando Elon Musk começou a comandar o Twitter, não houve muita transparência em relação à alteração mais recente na plataforma. Porém, o bilionário justificou que os limites de posts servirão para “lidar com níveis extremos de raspagem de dados e manipulação do sistema”.

A técnica de raspagem de dados – conhecida como scraping em inglês – basicamente coloca robôs para vasculhar páginas na internet e obter um montante importante de informações. Apesar de legal, o método já foi utilizado de maneira maliciosa para vazar dados pessoais coletados em redes sociais como o Facebook.

Musk já havia dito anteriormente que Inteligências Artificiais (IA) têm sido treinadas com publicações do Twitter e que isso está sendo custoso, já que o maior acesso exige a contratação de mais servidores para lidar com a demanda. Mas apesar do aparente bom motivo, especialistas dizem que a limitação temporária de leitura de tweets pode ser prejudicial.

Elon MuskUsuários disseram que as novas medidas de Elon Musk estão "matando" o Twitter

Yoel Roth, ex-chefe de Segurança do Twitter, publicou no Bluesky que não acreditava nas justificativas dadas por Musk, já que a raspagem de dados sempre foi feita e nunca foi um problema para o Twitter.

“Simplesmente cheira estranho que a raspagem de repente criou problemas de desempenho tão dramáticos que o Twitter não teve escolha a não ser colocar tudo atrás de um login [somente usuários logados podem visualizar tweets, o que impede robôs de lerem as publicações]”, afirmou.

Prejuízos para a nova CEO

Linda Yaccarino, que substituiu Elon Musk como CEO do Twitter há menos de um mês, pode ser uma das prejudicadas pela atualização da rede social. De acordo com o Financial Times, ela assumiu o comando da empresa tendo como um dos principais objetivos trazer de volta os anunciantes.

Só que de acordo com Mike Proulx, diretor de pesquisa da Forrester, os limites na visualização de tweets são “notavelmente ruins” tanto para usuários quanto para o mercado publicitário. "O déficit de confiança do anunciante que Linda Yaccarino precisa reverter ficou ainda maior. E não pode ser revertido com base apenas na credibilidade que ela tem", afirmou em entrevista à Reuters.

Lou Paskalis, fundador da consultoria de publicidade AJL Advisory e ex-chefe de marketing do Bank of America, disse que Yaccarino é a "última esperança" da companhia.

Linda Yaccarino Linda Yaccarino era executiva de publicidade na NBCUniversal (Imagem: Getty Images/Cindy Ord)

"[O limite temporário de visualização de tweets] certamente não vai tornar mais fácil convencer os anunciantes a voltar. Já é uma venda difícil trazer os anunciantes de volta”, reforçou Jasmine Enberg, analista da Insider Intelligence.


Por Carlos Palmeira

Especialista em Redator

Paulistano, corintiano e pedestre desde 1993. Jornalista formado pela Universidade Federal de Mato Grosso, escrevo sobre games, tecnologia, ciência e cultura pop. Fã de Red Hot Chili Peppers e apaixonado por maracujá, pão de queijo e rap.


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