Microsoft vai 'alugar' usina nuclear nos EUA para energizar servidores de IA

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

20/09/2024 - 12:452 min de leitura

Microsoft vai 'alugar' usina nuclear nos EUA para energizar servidores de IA

A Microsoft fechou um acordo de 20 anos para o fornecimento de energia da usina nuclar de Three Mile Island, nos Estados Unidos. O local será usado para alimentar os servidores de inteligência artificial (IA) da companhia.

A ideia da Microsoft é "alugar" toda a operação da Unit 1 da usina, que tem fornecimento de energia de aproximadamente 835 megawatts — o suficiente para garantir a eletricidade de cerca de 800 mil casas. A energia seria distribuída para data centers nas regiões norte-americanas de Chicago, Virginia, Pensilvânia e Ohio, e o processo ainda deve gerar cerca de 3,4 mil empregos diretos e indiretos.

O acordo foi confirmado pela Constellation, atual dona da usina, mas ainda depende da aprovação de órgãos reguladores. Se todas as etapas burocráticas forem superadas, a operação do reator começa apenas em 2028. A ideia da Microsoft é ter energia para os servidores de IA a partir de fontes mais limpas de energia, o que inclui o uso de usinas nucleares.

Three Mile Island

Na nova gestão, a usina de Three Mile Island será rebatizada como Crane Clean Energy Center, em homenagem ao CEO de uma das antigas gestoras do local, Chris Crane. O executivo faleceu em abril deste ano e era considerado uma referência no setor nuclear.

A Unit 1, que será envolvida no acordo com a Microsoft, está fechada há cinco anos "por razões econômicas" e fica próxima à Unit 2 — o reator que foi desligado em 1979 após o pior acidente nuclear da história dos Estados Unidos e ainda está em processo de desmanche.

Em 28 de março de 1979, o reator da Unidade 2 sofreu um derretimento parcial após interrupção no fornecimento de água para as turbinas. Ao menos trinta mil pessoas que moravam no entorno da usina nuclear — especificamente em Harrisburg, na Pensilvânia — foram expostas a "certos níveis de radioatividade". 

Porém, os efeitos do acidente nunca foram totalmente contabilizados, embora haja uma suspeita de alta de casos de câncer e leucemia anos após o ocorrido.

A recuperação da unidade que foi paralisada exige um investimento de US$ 1,6 bilhão por parte da Constellation. A ideia da empresa e manter a nova unidade, que é totalmente independente e não tem ligação direta com o reator que apresentou problemas, ao menos até o ano de 2054.


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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