Quem fim levaram os celulares da LG? Marca teve destaques, mas sumiu do setor

Por Nilton Cesar Monastier Kleina

31/08/2024 - 09:303 min de leitura

Quem fim levaram os celulares da LG? Marca teve destaques, mas sumiu do setor

Fonte : GettyImages

A LG é uma companhia tradicional em vários setores da tecnologia. A fabricante sul-coreana está presente com destaque em segmentos como televisores, aparelhos de ar-condicionado e eletrodomésticos em geral.

Só que a empresa também já foi destaque na área da telefonia móvel, com celulares e depois smartphones. Nos últimos anos, porém, pouco ou nada se fala sobre os modelos da marca.

Uma apresentação de smartphones da LG no período de alta.
Uma apresentação de smartphones da LG no período de alta. (Imagem: Getty Images)

A LG chegou a incomodar líderes como Samsung, Nokia e Motorola com modelos elogiados e bem sucedidos comercialmente, sendo pioneira em funções e ousada em lançamentos. O Brasil foi um mercado importante para a companhia, em especial nas linhas mais baratas.

Porém, ela nunca chegou perto de ser a liderança nesse mercado. Além disso, erros sucessivos em lançamentos levaram a divisão a acumular prejuízos que prejudicaram a companhia como um todo e levaram a direção a tomar uma decisão difícil.

A trajetória da LG e os celulares

A LG nasce a partir da união de duas divisões. Uma delas é a Lak-Hui Chemical Industrial, ou Lucky, fundada em 1947 e focada inicialmente em cosméticos e produtos de higiene ou limpeza. 

A outra é a GoldStar, divisão de eletrônicos dessa mesma empresa, pioneira em fabricar no país aparelhos como ventiladores, telefones e refrigeradores.

A trajetória da LG.
A trajetória da LG. (Imagem: LG Haus/Divulgação)

Em 1983, a Lucky e a GoldStar se unem em um só empreendimento. Doze anos depois, ela transforma novamente o próprio nome, passando a ser conhecida pelas iniciais das duas marcas. Nascia então a LG, uma companhia que aos poucos tem presença global em uma série de setores da indústria da tecnologia.

Um deles foi o de telefonia móvel, iniciado com o lançamento do flip LG-800 em 1996. Aos poucos, ela foi entendendo as tendências desse mercado e se estabeleceu entre as cabeças.

O elogiado LG Chocolate.
O elogiado LG Chocolate. (Imagem: LG/Divulgação)

Outros modelos de destaque do período incluem o LG B1200, que foi o primeiro da marca com joguinhos e um sucesso de vendas; o LG KG800 Chocolate, um elegante modelo de 2006; e o fashion LG Prada de 2007, um dos pioneiros em usar uma tela sensível ao toque no lugar de botões físicos.

A era dos smartphones

Segundo o Counterpoint Research, a LG fechou o ano de 2009 como a terceira maior fabricante de celulares do mundo em vendas. O seu principal segmento ainda era dos telefones "não smart", com 120 milhões de dispositivos comercializados, mas ela parecia pronta para o segmento dos inteligentes.

O início dessa empreitada, porém, não foi como a empresa imaginava. Ela inicialmente optou pelo Windows Phone como sistema operacional em vez do Android, em uma escolha que se mostrou equivocada quando a plataforma da Google se mostrou uma alternativa mais popular entre o público. 

Modelos lançados nesse período incluem o LG Quantum e o LG E900 Optimus 7, hoje praticamente esquecidos.

LG E900.
LG E900. (Imagem: LG/Divulgação)

O primeiro smartphone dela com Android foi o GW620, ou LG Eve. Além disso, uma parceria com a Google levou ela a fabricar os primeiros modelos da linha Nexus

Mas o estabelecimento veio mesmo com o LG Optimus, um aparelho inicialmente intermediário, mas que ganhou uma sequência chamada Optimus G em 2013.

O LG Optimus G, primeiro da família.
O LG Optimus G, primeiro da família. (Imagem: LG/Divulgação)

O Optimus G foi um fenômeno local, vendendo 1 milhão de unidades em quatro meses só na Coreia do Sul. A marca passou a atualizar essa família de smartphones anualmente, agora chamada apenas de LG G. 

O modelo LG G2 foi igualmente elogiado, com um botão físico traseiro e a estreia do Knock Code, que permitia o desbloqueio do telefone com toques específicos na tela.

Experimentos, declínio e fim

No final da década de 2010, a LG foi perdendo cada vez mais espaço para empresas como Samsung e Motorola, além de não acompanhar o ritmo das emergentes marcas chinesas, como a Xiaomi.

Ela diversificou a linha de smartphones com modelos mais acessíveis, como a linha K, e a família V de modelos de elite, mas isso não foi o suficiente para alavancar as vendas. A linha LG G também perdeu popularidade, em especial pelos preços considerados elevados.

A queda anual da LG no setor de smartphones.
A queda anual da LG no setor de smartphones. (Imagem: Counterpoint Research/Divulgação)

Algumas ousadias também se provaram arriscadas demais e sem retorno. É o caso do LG G Flex (2013), um dispositivo com corpo flexível, e o LG G5 (2016), que era modular, mas não teve boa aceitação do público por falhas de design.

Essas experimentações continuaram por mais tempo: o LG Wing, de 2020, era um curioso smartphone com uma tela secundária na horizontal, deixando o aparelho em formato de "T".

O curioso LG Wing.
O curioso LG Wing. (Imagem: LG/Divulgação)

Só que a divisão mobile não registrava lucros desde 2014 e, no fim de 2019, ela só tinha menos de 2% do mercado de smartphones. Após muita especulação, a LG confirmou o fechamento da divisão de dispositivos móveis em definitivo em abril de 2021 para focar nos outros setores de eletrônicos.

O último smartphone lançado pela companhia teve as mesmas qualidades e ressalvas dos top de linha da marca nos últimos anos: o LG Velvet tinha um belo design e bom desempenho, mas o preço já parecia fora da realidade.

O LG Velvet.
O LG Velvet. (Imagem: LG/Divulgação)

Hoje, até é possível encontrar celulares da LG em lojas digitais e sites de leilão, mas sem qualquer tipo de suporte ou atualizações — com o público interessado apenas pela nostalgia do período de auge dessa marca em celulares.


Por Nilton Cesar Monastier Kleina

Especialista em Analista

Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


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