Testamos todos os óculos de VR da atualidade: qual deles se saiu melhor?

Por Vinicius Munhoz

12/09/2016 - 11:375 min de leitura

Testamos todos os óculos de VR da atualidade: qual deles se saiu melhor?

Fonte : Oculus

Imagem de Testamos todos os óculos de VR da atualidade: qual deles se saiu melhor? no tecmundo

Os óculos de realidade virtual estão em uma situação delicada: todos passaram por anos de desenvolvimento, muitos protótipos foram criados, pessoas sentiram náusea no processo, a Google desenvolveu o Cardboard e muitos outros elementos surgiram no caminho. Muito tempo depois, o HTC Vive e o Oculus Rift finalmente foram lançados no mercado e o PS VR está quase aí. No fim, vale a pena ter um desses?

É uma pergunta bem difícil, pois se trata de algo muito complexo de descrever ou falar sobre, pois é uma experiência muito prática e sensorial. Nós tivemos a chance de testar todos os dispositivos na Brasil Game Show 2016 e temos uma clara distinção das funcionalidades que cada um deles apresenta. Apesar de ser uma tarefa árdua, tentaremos expor as principais qualidades e defeitos de cada um deles e detalhar o funcionamento.

Oculus Rift: uma experiência quase perfeita, mas não a mais aprofundada

O primeiro aparelho que testamos (e também um dos mais impressionantes) foi o Oculus Rift, que pode ser taxado como o projeto original e precursor da tecnologia. A versão final do produto foi lançada neste ano pelo valor astronômico de US$ 599 e é exclusivo para o PC. A edição que experimentamos era levemente diferente por causa dos controles de movimento, o Touch, que só chega no final do ano no mercado.

O Rift é confortável, simples de ajustar e tem um trabalho excelente nos acabamentos. Foi um pouco difícil de utilizá-lo com os óculos de grau que, particularmente, é sempre um empecilho para mim. É um pouco difícil encontrar um ponto de equilíbrio que não incomode, mas fora isso, trata-se de um gadget muito bem-feito.

Unspoken foi uma agradável surpresa: controles refinados, excelente dose de imersão e muita, mas muita diversão com a realidade virtual e sensores de movimento

A resolução é a mais legal de todas, com gráficos bem impressionantes e com poucos serrilhados, algo que é comum para qualquer um desses aparelhos. Contudo, o Oculus Rift se sai surpreendentemente bem nesse quesito e desbanca os concorrentes. Se é algo da lente do produto ou uma otimização do game em si, é algo que não podemos afirmar com 100% de certeza, mas essa foi a impressão que marcou.

undefinedOculus Rift e os controles de movimento Touch

O grande recurso que impressiona no aparelho são os controles Touch, que utilizam o layout de botões de um joystick de Xbox One, mas têm sensores de movimento e posicionamento de gatilhos que simulam “garras”, ideais para a imersão completa dentro dos jogos. Por não precisar se mover durante a jogatina, é muito fácil e simples colocar e retirar o dispositivo da cabeça

Pontos positivos: boa resolução, pouco serrilhado, excelente acabamento e controles impecáveis.

Pontos negativos: pode ser um pouco difícil para quem usa óculos de grau e o sensor de movimento do próprio aparelho não é tão sofisticado.

HTC Vive: uma jogabilidade única, mas a que custo?

O HTC Vive é o clássico “parecido, mas diferente” em relação ao Oculus Rift. Em suma, trata-se de uma experiência similar, pois os óculos transmitem a mesma jogatina em realidade virtual. Entretanto, o aparelho utiliza um item extra para a imersão: o mapeamento 3D do ambiente, similar ao que o Kinect da Microsoft faz. O produto é comercializado por US$ 799 (R$ 2,6 mil).

Em outras palavras, o gadget VR da HTC mescla o escaneamento de uma sala com a experiência do próprio óculos. Agachar, se esgueirar ou até mesmo andar fazem parte da jogabilidade dos games desenvolvidos para o periférico. Quando utilizado de maneira criativa, o resultado é impressionante.

Vamos pegar Everest VR e Paranormal Activity como exemplos. Se você derrubasse as pilhas das lanternas no jogo de terror, teria que agachar e pegá-las no chão, enquanto na experiência VR de escalar montanhas era necessário perambular pela sala para transportar objetos. Você pode se perguntar: como evitar bater de cara com a parede? Felizmente, a interface do próprio aparelho o alerta do limite de espaço do ambiente, posicionando uma parede azul dentro do jogo para delimitar a sua área de atuação.

As experiências do HTC Vive são mais imersivas, mas, em grande maioria, se parecem mini games, e não obras AAA que queremos

Há dois grandes pontos fracos no HTC que, por um momento, fazem refletir se não é algo ainda mais agravante do que parece. O primeiro grande empecilho são os cabos que ligam o dispositivo ao PC. Todos os outros óculos de VR são conectados via cabo, mas somente no Vive é que andamos pela sala. Se enroscar nos fios não é uma tarefa difícil, pois isso aconteceu muitas vezes durante a jogatina. O pior de tudo é que, por estar “vendado”, é impossível saber se você vai pisar ou puxar sem querer os cabos.

undefinedEsse é o pacote do HTC Vive

O outro aspecto negativo, mas não menos importante, são os controles do HTC Vive. Apesar de serem bem-feitos, ficam muito aquém dos concorrentes. Trata-se de um par de joysticks de movimento, cada um deles com um único botão de gatilho e um direcional digital (as famosas “setinhas”). Em outras palavras, eles parecem feitos para experiências e mini games mais simples e é difícil imaginá-lo em função de jogos AAA mais robustos.

 Pontos positivos: mapeamento 3D do ambiente, jogabilidade com o movimento do corpo e bom acabamento.

Pontos negativos: os fios prejudicam a jogatina e os controles não são tão bons quanto os dos concorrentes.

PlayStation VR: um aparelho adequado à sua plataforma

O PlayStation VR é a empreitada da Sony no ramo de realidade virtual. Exclusivo para PS4, o aparelho é o único ainda não lançado no mercado (ele chega dia 13 de outubro) e também o mais barato de todos, custando US$ 399 (R$ 1,3 mil), mas o preço fica mais elevado se levarmos em conta os outros acessórios obrigatórios para jogatina, como a PlayStation Camera e o par de controles PS Move.

Por questões de comparação, devemos mencionar que o gadget da Sony fica um pouco aquém em termos de gráficos e resolução, pois o hardware do PS4 é vezes mais fracos que os computadores equipados com a última linha de placas GTX 1000 (1060, 1070 e 1080). Entretanto, a qualidade final ainda é muito satisfatória e empolga bastante.

O PlayStation VR é extremamente confortável, traz bons controles de movimento e parece perfeito para o PS4

Tivemos a oportunidade de testar o Until Dawn: Rush of Blood durante a BGS 2016. Assim como os demais aparelhos, a realidade virtual impressiona. O PlayStation VR utiliza a PS Camera para simular em menor escala os movimentos do corpo, como foi o caso de desviar de serras circulares do cenário durante a jogatina do game da Sony, e usa a tecnologia já existente da marca, como é o caso do PS Move e o próprio joystick do console.

undefinedPlayStation VR precisa da PlayStation Camera, mas os jogos podem utilizar PS Move ou o DualShock 4

Os controles de movimento da Sony ficam em um meio termo entre os concorrentes, pois ele não é tão simples quanto os do Vive e nem tão complexo e robusto quanto os do Oculus Rift. Por falta de opções para testes, ainda veremos como o PS Move vai lidar com games mais hardcores – ou se a saída será utilizar o DualShock 4.

Sem sombra de dúvidas, o PlayStation VR é o dispositivo mais confortável e com design ajustável entre todos eles. Se você joga com ou sem óculos de grau, isso não importa aqui. É possível deixar o equipamento na medida certa, sem nenhum tipo de incômodo.

Pontos positivos: é o equipamento mais barato, apresenta controles razoáveis, mescla bons elementos de movimento e é o mais confortável de todos.

Pontos negativos: entre todos, apresenta a pior resolução e serrilhados mais acirrados.

Mesmo com pequenas falhas, qual o potencial do VR?

A realidade virtual passa por um momento muito crítico: é uma tecnologia nova e promete ser revolucionária, mas é muito cara e extremamente difícil de ser explicada e vendida para o público. Portanto, é muito complicado recomendar uma experiência tão inovadora e divertida como a que presenciamos na BGS para produtos que têm valores astronômicos (o Rift mais barato que encontramos por aqui custava R$ 4,5 mil) e um futuro incerto pela frente.

undefinedE.V.E. Valkyrie é um dos jogos que tem suporte à VR

Todos os óculos VR têm pontos que podem ser melhorados, como os serrilhados que observamos através das lentes dos aparelhos, os ajustes na cabeça, uma solução para os fios (que é mais agravante no HTC Vive) e, principalmente, jogos que justifiquem a compra.

O futuro do universo gamer será repleto de experiências em outra realidade, pessoas bitoladas em óculos que as transportam para outros lugares e a revolução no universo do entretenimento? Provavelmente não, da mesma forma que o Wii ou o Kinect não criaram novos paradigmas. Porém, certamente eles adicionarão mais uma pitada de imersão nos títulos daqui para frente.


Nascido gamer, lembro de gostar de jogos desde que tenho memória, seguista, amante de um bom retrogaming e ocasionalmente (ou quase sempre) otaku! Parte do grupo dos desajustados e esquisitos.


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