Caso de perfil falso preocupa: estamos compartilhando informações demais?

Por Eduardo Yukio Harada

09/03/2015 - 05:352 min de leitura

Caso de perfil falso preocupa: estamos compartilhando informações demais?

Fonte : BBC

Imagem de Caso de perfil falso preocupa: estamos compartilhando informações demais? no site TecMundo

Já imaginou descobrir que há uma pessoa se passando por você em várias redes sociais, usando as suas fotos, vídeos, informações, interagindo com outros usuários e até se relacionando com eles? Isso é o que aconteceu com a britânica Ruth Palmer, vítima que teve toda a sua vida “roubada” por uma impostora que tem se passado por ela durante três anos.

Leah Palmer, o perfil falso, criou uma vida completa utilizando apenas dados que a vítima havia compartilhado em algumas redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. Além de Ruth, amigos e parentes também tiveram suas contas copiadas e utilizadas para interagir com a impostora.

undefinedRuth Palmer e seu marido, Benjamin Graves, descrito como "ex-namorado" psicótico.

Outra vida

No Instagram, Ruth Palmer possui 140 seguidores. Enquanto isso, Leah Palmer, a impostora, é seguida por mais de 800 pessoas e já publicou mais de 900 fotos na rede social – todas de Ruth e seus amigos. Além disso, o atual marido da vítima, Benjamin Graves, é descrito nas imagens como um ex-namorado psicótico.

Leah Palmer também se relacionava com outras pessoas nas redes sociais e no Tinder, tendo até recebido fotos explícitas de alguns usuários. “Um dos homens havia até mesmo terminado um noivado para ficar com a Leah”, conta Ruth ao site BBC. Além disso, a vítima disse nem ao menos saber o que era o tal de “Tinder”, app especializado para promover encontro entre pessoas.

undefinedPerfil falso no Instagram.

Derruba um, levanta outro

Quando tomou conhecimento da situação, Ruth Palmer entrou em contato com o suporte das redes sociais e solicitou a remoção dos perfis falsos. Apesar de eles terem sido excluídos, novos foram criados, utilizando as mesmas informações, fotos e vídeos.

A vítima diz que sempre manteve as suas contas com as configurações máximas de privacidade: "Não tenho páginas nem perfis públicos, porque sei que existem pessoas que podem fazer este tipo de coisa". O que mais preocupa Ruth é que a impostora seja alguém que ela conheça. "Criaram perfis falsos da minha mãe, de meus amigos... e todas as contas conversam entre si".

undefinedPerfil falso no Instagram.

Situação complicada

Segundo o especialista de segurança Alan Woodward, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, esse é um caso clássico de roubo de informações pessoais na internet. A situação é bastante complicada, de acordo com o profissional: "Temos que ser justos com a polícia. O que eles podem fazer se alguém está apenas usando indevidamente uma imagem na internet? Milhares de imagens são colocadas na rede todos os dias. Mas é de algum jeito uma atividade criminosa, uma forma de fraude, porque pessoas estão se relacionando com alguém que sequer existe".

Para o advogado Adam Rendle, especialista no direito de imagens, a solução para casos como o de Ruth está no uso indevido das fotografias. "O impostor não têm direitos sobre as fotos e vídeos da vítima - mas o autor das imagens, sim. Por isso, a vítima pode usar este argumento para impedir que o impostor continue a usar o material. Os sites costumam tirar do ar conteúdos que infringem direitos".

undefinedRuth Palmer e o marido, Benjamin Graves.

Reflexão

Mesmo alegando usar o máximo de proteção que as redes sociais oferecem, Ruth ainda assim foi vítima de ter toda a sua vida “forjada” por uma impostora. Se alguns de nós nem ao menos sabemos onde ajustar as configurações de privacidade, o que impede que o mesmo aconteça com os nossos perfis? Será que não estamos compartilhando informações demais na internet?

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