'Eleições 2022 terão aumento de ataques cibernéticos', diz especialista

Por Carlos Palmeira

21/01/2022 - 12:003 min de leitura

'Eleições 2022 terão aumento de ataques cibernéticos', diz especialista

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Imagem de Ataques cibernéticos aumentarão nas Eleições 2022, diz especialista no tecmundo

As Eleições 2022 estão acendendo o alerta de empresas e entidades que atuam no setor de cibersegurança. A possibilidade de que a popular “Festa da Democracia” seja utilizada como arma para golpes cibernéticos faz que o período seja encarado com tensão por especialistas.

“Já acendemos um alarme de segurança em relação às eleições, que é um período que haverá farta disseminação de desinformação. Essas informações falsas serão espalhadas por grupos maliciosos, que têm motivação financeira, e querem capturar o clique desatento do usuário final”, explicou ao TecMundo Filipe Pinheiro, especialista de Engenharia de Segurança da Tenable, empresa de cyber exposure.

Ele comenta que as possibilidades de ataques ao sistema de votação são muito baixas, já que, de acordo com os testes públicos e as informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a infraestrutura das urnas é segura. Contudo, o ambiente das redes sociais e de aplicativos de mensagens devem ser “terrenos férteis” para tentativas de golpes.

Eleições 2022

Apesar das dezenas de notícias envolvendo ataques cibernéticos a grandes corporações, ele lembra que grande parte dos ataques são direcionados às pessoas comuns. Em nosso país, isso tem muito a ver com o perfil dos cibercriminosos brasileiros.

“O atacante brasileiro vai sempre procurar um alvo mais fácil e exposto, ou seja, ele busca onde há pouca resistência, um bom potencial de recompensa e que não é preciso fazer muito esforço para conseguir ser bem-sucedido”, ele afirmou.

"O atacante brasileiro vai sempre procurar um alvo mais fácil e exposto."

Essa possibilidade de grande disseminação das fake news também está no escopo do TSE, que não descarta o banimento do Telegram durante as eleições de 2022. A entidade não tem conseguido se comunicar com os representantes do app, que é visto como uma poderosa fonte de divulgação de notícias falsas.

Telegram

Outras plataformas de comunicação, como WhatsApp, Twitter e Facebook, já estão com ferramentas específicas para tentar combater a desinformação durante o período de votações.

Outros riscos para 2022

O ano de 2021 foi marcado, dentre outras situações, pela “festa” de ataques cibernéticos de ransomware, que afetou grandes empresas e entidades governamentais do mundo todo. O especialista em Engenharia de Segurança da Tenable diz que a modalidade “veio para ficar”.

“Na verdade, a quantidade de ataques desse tipo só tende a aumentar com o passar dos anos. Não nos livraremos deles tão cedo, e a tendência é que outros tipos de ransom se popularizem, como é o caso do destrutivo. Em vez de cobrar para devolver as informações, neste caso os atacantes cobram para não destruir o que foi capturado. Também temos casos de dupla e até quádrupla extorsão, em que eles cobram as vítimas em várias etapas”, explicou Pinheiro.

Também como no ano passado, os chamados supply chain attack (ou ataques à cadeia de suprimento) devem aumentar em 2022. O caso mais emblemático nesse sentido em 2021 foi o do SolarWinds, uma distribuidora de softwares. À época, o presidente da Microsoft, Brad Smith, que foi uma das empresas afetadas, disse que aquela era a maior e mais sofisticada ação cibercriminosa já vista.

Ransomware

“Esses golpes são interessantes para cibercriminosos com muito conhecimento e recursos. Eles sabem que empresas provedoras de serviços têm acesso a uma grande rede de clientes. Então, essa infraestrutura, que é considerada crítica, acaba cumprindo um critério que é uma grande escala que o ataque pode atingir”.

A conscientização como arma

Pinheiro salienta que órgãos do governo brasileiro também estarão vulneráveis em 2022. Ele defende que há um trabalho hercúleo de profissionais no setor público, que acaba sendo insuficiente por causa de fatores como a falta de maiores investimentos em cibersegurança.

“Muitos procedimentos na administração pública são quase rudimentares", ele afirmou. "Além de pouca verba, temos uma questão cultural. O Brasil sente falta de uma entidade que promulgue uma maior comunicação e troca de tecnologias entre setor público e privado, estabelecendo boas práticas de segurança”, ele disse.

O especialista argumenta que o país precisa de um processo de educação e conscientização sobre o tema "cibersegurança". De acordo com ele, muitas empresas estão percebendo essa necessidade e promovendo programas internos para explicar aos funcionários como proteger os dispositivos pessoais e corporativos da melhor forma.

Segurança

Com a pandemia, muitos profissionais começaram a trabalhar de casa, fato que acendeu o alerta das companhias. Longe do ambiente e do “controle” corporativo, os trabalhadores ficaram ainda mais imunes a golpes cibernéticos, o que exigiu uma evolução rápida da infraestrutura de segurança eletrônica das empresas.

“É impossível construir soluções que façam com que nós fiquemos 100% imunes contra ataques cibernéticos. Contudo, a conscientização é a maior arma das pessoas. Saber os riscos ao responder a e-mails e mensagens de fontes desconhecidas e a importância dos antivírus tanto em celulares quanto em computadores já é de grande ganho. Nas empresas, a proposição de fórmulas básicas, como verificar pontos de vulnerabilidade, já pode representar um grande ganho no quesito cibersegurança”, Pinheiro finalizou.


Por Carlos Palmeira

Especialista em Redator

Paulistano, corintiano e pedestre desde 1993. Jornalista formado pela Universidade Federal de Mato Grosso, escrevo sobre games, tecnologia, ciência e cultura pop. Fã de Red Hot Chili Peppers e apaixonado por maracujá, pão de queijo e rap.


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