COP27: app pode ser usado para vigiar críticos do governo egípcio

Por André Luiz Dias Gonçalves

08/11/2022 - 12:301 min de leitura

COP27: app pode ser usado para vigiar críticos do governo egípcio

Fonte :  Google Play Store/Reprodução 

Imagem de COP27: app pode ser usado para vigiar críticos do governo egípcio no tecmundo

O aplicativo oficial da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), que começou domingo (6) no Egito, pode ser usado pelas autoridades locais para rastrear os participantes contrários ao governo local. O alerta foi dado por especialistas em segurança cibernética.

Contando com milhares de downloads, o app da COP27 requer uma série de permissões para ser instalado. O acesso aos e-mails, fotos e à localização do usuário está entre as exigências, dados que ficam disponíveis para o regime do presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi.

Em entrevista ao The Guardian, a diretora da Electronic Frontier Foundation, Gennie Gebhart, disse que as solicitações não são necessárias para o funcionamento do software, sugerindo o uso dos dados para vigiar os participantes. “Não consigo pensar em uma única boa razão para eles precisarem dessas permissões”, comentou.

O app da COP27 tem versões para Android e iOS.O app da COP27 tem versões para Android e iOS.

A mesma preocupação foi levantada pelo representante da Anistia Internacional, Hussein Baoumi. De acordo com ele, pesquisadores que examinaram o app descobriram que o programa consegue acessar câmeras, microfone, dados de localização e o Bluetooth do smartphone, além de emparelhar dois apps diferentes.

Histórico de vigilância

Os temores de que os dados rastreados pelo app oficial da COP27 sejam usados para monitorar participantes da conferência ganharam força após as prisões em massa de manifestantes e ativistas ocorridas no Egito, antes do evento. Além disso, o país possui um histórico de vigilância digital.

Como lembra o jornal inglês, as operadoras telefônicas que atuam no território egípcio são obrigadas a fornecer, ao governo, acesso às chamadas, mensagens de texto e dados dos usuários. O tráfego da web também é monitorado, incluindo o bloqueio a mais de 500 sites.

A Human Rights Watch foi outra organização que alertou sobre os riscos de vigilância contra ativistas dos direitos humanos e cidadãos egípcios contrários ao regime de Al-Sisi, ao instalar o app.


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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