Nova tecnologia de gravação permite obter discos Blu-ray com até 33,4GB de capacidade

Por Felipe Gugelmin Valente

06/01/2010 - 07:533 min de leitura

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Embora tenha se estabelecido como o padrão quando se trata de mídia para a reprodução de vídeos em alta definição, o Blu-ray ainda não conquistou o posto ocupado pelo DVD tanto em número de aparelhos vendidos quanto de vendas de discos.

O principal fator responsável pela situação é o custo dos discos e aparelhos capazes de reproduzir a tecnologia, que ainda se mostram proibitivos para grande parte dos consumidores.
Um dos principais fatores que determinaram a vitória do Blu-ray sobre os competidores, especialmente o HD-DVD, foi a capacidade de armazenamento que os discos azuis possuem: um Blu-ray de camada simples é capaz de comportar até 25GB de conteúdo e atinge 50GB em dupla camada.

Toda essa capacidade de armazenamento significa a possibilidade de gravar vídeos e áudio sem nenhum tipo de compactação, o que garante ao usuário uma experiência confortável e realista na hora de assistir a um filme ou interagir com jogos. Porém, ainda são raros os casos em que a mídia foi utilizada em toda sua capacidade, ainda mais quando a camada dupla é utilizada.

Blu-ray com mais de 30% de espaço extra

Mesmo com toda a capacidade de armazenamento disponível atualmente, os engenheiros da Sony e da Panasonic desenvolveram um método que amplia o espaço disponível para gravação nos discos Blu-ray. A nova tecnologia de gravação permite gravar até 33,4GB em um disco simples, ou 66,8GB em camada dupla, o que representa ganho de espaço de mais de 30%.

Esse ganho em espaço é possível graças à tecnologia Partial Response Maximum Likelihood (Probabilidade Máxima de Resposta Parcial), ou simplesmente PRML. A tecnologia, que é totalmente compatível com os discos e leitores de Blu-ray disponíveis no mercado, não é exatamente uma novidade, mas só agora foi criado um método de avaliação adequado para as mídias que utilizam o PRML como método de gravação.

A maior dificuldade enfrentada pelos engenheiros foi lidar com a taxa de erro que surge durante a leitura e gravação utilizando o PRML. Ao contrário da técnica convencional, que estima a taxa de erro baseada no jitter surgido, o método de alta densidade utilizado faz com que seja impossível obter uma correlação confiável entre esses dois valores, o que torna impossível gravação ou leitura através do método tradicional.

Para entender o que é jitter, é preciso levar em conta que arquivos raramente são enviados de maneira total de um local para outro. Durante a gravação de um Blu-ray, por exemplo, os dados são divididos em uma série de pacotes que possuem informações sobre a ordem correta em que devem ser organizados pelo leitor na hora de reproduzir vídeos.

O jitter acontece quando alguns pacotes de dados são perdidos durante a leitura, o que resulta em problemas como ruídos ou impossibilidade de prosseguir a reprodução da maneira desejada.

Como o valor do jitter não serve como uma base confiável para a correção de erros quando a técnica PRML é utilizada, a Sony e a Panasonic tiveram de desenvolver uma nova técnica para a análise e correção de erros, que foi batizada como Maximum Likehood Sequence Estimations (Índice de Avaliação de Estimava de Sequência de Máxima Probabilidade), ou simplesmente i-MLSE.

O i-MLSE foi desenvolvido com o objetivo de ser uma forma de avaliação de erros mais precisa do que o jitter, e apresenta uma forte correlação com a taxa de erro mesmo durante a leitura ou gravação de discos de 33,4GB utilizando a técnica PRML.

Os engenheiros responsáveis pela nova técnica se certificaram de que os dados apresentados fossem simples o bastante para que pudesse ser compreendida de maneira relativamente fácil, assim como acontece quando o jitter é levado em conta nas técnicas de gravação e leitura tradicionais.

Tecnologia compatível com os aparelhos atuais

O principal problema enfrentado pelo i-MLSE é que os cálculos utilizados para medir a taxa de erro são muito mais complexos se comparados com os utilizados pela técnica tradicional do jitter. Dessa forma, os desenvolvedores ainda têm pela frente o desafio de torná-lo possível de ser processado em tempo real, assim como acontece com a avaliação do jitter. Porém, isso não deve ser nenhum problema quando se leva em conta a evolução constante do hardware dos aparelhos responsáveis pela reprodução de discos em Blu-ray.

Não será preciso trocar o aparelho Blu-ray para utilizar a nova tecnologia

Quem já aderiu à tecnologia dos discos azuis não precisa se preocupar com a possível compra de um novo aparelho de leitura específico para os discos com a tecnologia PRML. Segundo as previsões otimistas apresentadas pela Sony e Panasonic, a grande maioria dos dispositivos disponíveis no mercado é compatível com a tecnologia, e bastariam o download e a instalação de um novo firmware para que a leitura dos discos fosse possível.

Ainda não existe previsão para que os discos compatíveis com a tecnologia sejam lançados, mas a Sony deve propor a adoção do i-MLSE na Blu-ray Disk Association ainda em 2010. Como a companhia é um dos principais fabricantes de Blu-ray do mundo, não será nada surpreendente se o padrão for aceito sem ressalvas.


Por Felipe Gugelmin Valente

Especialista em Redator

Redator freelancer com mais de uma década de experiência em sites de tecnologia, já tendo passado pelo Adrenaline, Mundo Conectado, TecMundo, Voxel, Meu PlayStation, Critical Hits e Combo Infinito.


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