Arthur: união de computador e projetor para escolas públicas com fabricação nacional e design ecológico

Por Felipe Gugelmin Valente

12/03/2010 - 06:503 min de leitura

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Imagem de Arthur: união de computador e projetor para escolas públicas com fabricação nacional e design ecológico no site TecMundo

Nos últimos anos, a educação digital ganhou muita importância para a rede pública do ensino. Embora ainda seja comum encontrar casos de escolas em que os alunos nunca sequer ouviram falar de computadores ou internet, projetos como o Um Computador por Aluno (UCA) já mostraram o potencial que o Brasil tem em avançar nesse campo.

A ideia é inspirada no projeto do laptop de cem dólares, uma iniciativa do Instituto de Tecnologia de Massachusetss (MIT), nos Estados Unidos. O objetivo é disponibilizar para cada aluno um pequeno laptop que deve ser utilizado durante as aulas como forma de aprimorar o ensino e permitir novas formas de interação entre alunos e professores.

A educação digital é importante tanto para acostumar os alunos com a rede digital quanto para prepará-los para o competitivo mercado de trabalho que os aguarda no futuro. Afinal, a internet se torna cada vez mais importante como fonte de informações, além de permitir contato rápido com diferentes culturas e línguas, algo que para muitos é impossível fora do meio digital.

Conhecida mundialmente pela criação e fabricação das urnas eletrônicas utilizadas pelo Brasil, a Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi) decidiu investir no emergente mercado da educação digital e criou uma combinação entre computador portátil e projetor para utilização em escolas da rede municipal.

O projeto, batizado como Arthur, tem como objetivo facilitar a vida de professores e alunos ao disponibilizar um equipamento versátil, barato e leve que possa ser transportado facilmente. Confira abaixo as informações mais importantes sobre o aparelho que tem tudo para se tornar uma referência mundial no ensino com mídias digitais.

Computador e projetor em um só aparelho

Fonte: Professor Rafael Leandro dos Reis DelmonegoA ideia que deu origem ao Arthur surgiu em 2007 através do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo), que tem como três pontos básicos o investimento em infraestrutura, capacitação e conteúdos.

Do primeiro protótipo ao produto finalizado que surgiu em 2009 houve um intenso trabalho entre engenheiros, pedagogos e outros especialistas das universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e Pernambuco (UFPE). O Certi, localizado no campus da UFSC em Florianópolis, surgiu como a melhor alternativa na hora de transformar a proposta em um produto viável.

A fase de testes foi importante para determinar as características finais do Arthur, que vem equipado com o processador Intel Atom 330, 1 GB de memória RAM, entrada USB, mouse, teclado, projetor, entrada de microfone e caixas de som integradas. Para utilizar o aparelho, basta conectá-lo à tomada, sem a necessidade de nenhuma configuração adicional.

Apesar da aparência robusta, o equipamento é leve, com pouco mais de três quilos. Além do projetor, o computador conta com leitor de CD e DVD, o que facilita a utilização de conteúdos multimídia. Apesar de a maioria dos computadores da rede pública contar com o sistema operacional Linux, o Arthur trabalha bem com documentos criados no Windows, como aqueles da família Office.

O Ministério da Educação (MEC) ainda não confirmou uma data para o lançamento do edital de licitação que deve escolher o fabricante do Arthur. A meta é que, durante a produção em larga escala, o produto tenha o custo máximo de R$ 2 mil.

Tecnologia baseada nos princípios do ecodesign

Um dos destaques do Arthur é o processo de fabricação ecológico utilizado pela Certi, que utiliza técnicas que representam pouco prejuízo à natureza se comparadas aos métodos tradicionais. Essa decisão se alinha com aquela de regiões como a União Europeia de utilizar restrições a produtos fabricados com práticas que degradam a natureza.

Como o objetivo é vender a ideia do Arthur para todo o mundo, o ecodesign se mostrou a única alternativa viável para que o produto pudesse ser competitivo. Para a produção foram utilizados plásticos de fácil degradação e reprocessamento, e a opção por materiais mais leves reduz a energia gasta durante a produção.

Ainda há forte resistência à utilização de materiais menos poluentes porque isso pode representar mudanças de projetos, aumentando o custo final dos produtos. Por exemplo, pode ser preciso revisar totalmente a produção de um computador para modificar o processo de soldagem, que pelas regras da União Europeia não podem conter chumbo.

A Certi utilizou o maior número de componentes que atendessem à diretiva da União Europeia que restringe o uso de substâncias como mercúrio, chumbo e cádmio, perigosas para a saúde humana. Além do Arthur, a fundação utiliza os princípios do ecodesign em outras iniciativas, como o desenvolvimento de placas eletrônicas para pequenas e médias empresas em seu laboratório-fabrica, o Labelectron.


Por Felipe Gugelmin Valente

Especialista em Redator

Redator freelancer com mais de uma década de experiência em sites de tecnologia, já tendo passado pelo Adrenaline, Mundo Conectado, TecMundo, Voxel, Meu PlayStation, Critical Hits e Combo Infinito.


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