Primeiras impressões: a honra está em xeque no Beta fechado de For Honor

Por Reinaldo Alexander Franco Zaruvni

02/02/2017 - 13:025 min de leitura

Primeiras impressões: a honra está em xeque no Beta fechado de For Honor

Fonte : Ubisoft

Imagem de Primeiras impressões: a honra está em xeque no Beta fechado de For Honor no tecmundogames

O Beta fechado de For Honor começou no final de semana passado e muita gente jogou, incluindo nós do TecMundo Games. Mas e aí? Como é que está essa nova experiência da Ubisoft? Vamos explicar ponto a ponto, no que o game acerta e no que ele erra (às vezes mais do que deveria) nessa matéria.

For Honor foi um jogo que surpreendeu muita gente na E3 de 2015 com um combate promissor em uma ambientação incrível, mesclando samurais, vikings e cavaleiros. Contudo, nem só de promessas vivem os jogos, então bora dissecar um pouco do que presenciamos nesse Beta.

Primeiramente: o que tinha no Beta?

Antes de falar dos méritos e deméritos do jogo, uma coisa precisa ficar clara: o que exatamente o Beta oferecia a ponto de ser, mesmo que superficialmente, avaliado? Basicamente, podemos observar toda a essência do combate, em sua plenitude e desenvoltura. Não há nada mecanicamente carente na versão de testes e o que foi visto é o que estará na versão final.

No total, havia uma variedade de mapas para até três modos, que, aparentemente, também são todos que estarão na versão final. Basicamente, essas modalidades são: duelo de um contra um, duelos de duplas e o modo Dominação, que coloca quatro personagens contra quatro adversários em mapas maiores, com minions e objetivos para serem conquistados. Uma outra seleção era exibida, mas não ficou claro se tratava de um outro modo ou algo complementar, chamado de Eventos.

undefinedBeta de For Honor

Por fim, todos os heróis estavam disponíveis para jogar (três de cada facção), totalizando nove escolhas, cada uma com habilidades, atributos e estratégias distintas. Para complementar um pouco, todos os personagens podem ser customizados com equipamentos que mudam a aparência e atributos como os que veremos em Injustice 2. Agora, bora para a parte opinativa.

O que For Honor mais acerta: o combate

Se há algo bem interessante desde o primeiro tutorial, esse elemento é o combate. De certa forma, se trata de mecânicas que se enquadram em um meio-termo permanente: são relativamente difíceis de aprender, mas relativamente fáceis de aprimorar também. Em um primeiro momento, pode parecer algo bem complexo tal qual Chivalry: Medieval Warfare, mas na verdade é mais simples. Bem mais simples.

Apesar de provocar uma ilusão de complexidade grande, isso não é de forma alguma ruim. As lutas são agradáveis aos novatos e conseguem saciar os veteranos que buscam se especializar e montar combos um pouco mais complexos. Há habilidades que causam sangramento e dano contínuos e ataques impossíveis de bloquear, algo que dá um tom mais interessante e distinto para cada herói.

undefinedO combate é um dos aspectos mais interessantes do jogo

Cada ataque e defesa é um jokenpô: bloquear em cima, direita ou esquerda? Atacar qual lado? Golpe forte ou fraco? Quebrar a defesa com o risco de tomar um golpe de graça? A stamina é um recurso bacana também para pesar no sistema como um todo, pois, se esgotar, os ataques ficam lentos – no entato, poderia ter sido mais explorada também. Essa dinâmica é, sem dúvidas, o que mais impressiona. Em outras palavras, quando o duelo é um contra um, For Honor brilha forte e, sem dúvidas, não há qualidade maior e mais acessível.

A stamina poderia ser mais punitiva, como em Chivalry, no qual se esgotar, deixa o jogador aberto a ataques

Contudo, as coisas começam a desandar um pouco quando entramos no modo Domínio. Quatro contra quatro é algo bem bagunçado, mas não deveria ser. O sistema de lock-in não funciona bem, dependendo do jogador soltar e apertar o L2 novamente para trocar de alvo, algo que não é bem executado pelo delay do comando. Além disso, atacar inimigos que já estão em combate pode revelar algumas falhas sistemáticas, como o oponente defender um ataque impossível de um ângulo não visível apenas por estar com a defesa configurada ao mesmo lado do atacante. Trata-se de algo binário que incomoda um pouco.

Contudo, os minions é que são estranhos. Eles servem apenas para marcar presença em um dos pontos de domínio e não atacam o jogador (e, se atacam, não causam dano), tendo um papel muito dispensável. Atacá-los também é meio bizarro, pois os golpes normais mudam, não há lock-in e tudo se parece com um musou Ocidental mal executado. Se matá-los preenche a barra de Vingança (um recurso especial que não gasta a sua stamina), isso nunca é explicado.

undefinedModo Domínio de For Honor é bem bagunçado

Visualmente bem-feito e bem apresentado

Não há o que botar defeito nos visuais de For Honor: sem dúvida a desenvolvedora fez a lição de casa e otimizou cada pedacinho dos mapas pequenos. A vegetação é maravilhosa, a atmosfera é bem construída e os efeitos de iluminação são embasbacantes (seja de dia ou de noite, todas as superfícies e materiais refletem com perfeição a luz do Sol ou o brilho ardente das chamas à noite).

Todos os personagens têm um charme próprio, as texturas são bem fiéis à realidade, os modelos 3D são bem trabalhados e caprichados e toda a ambientação tem elementos muito bem construídos para tornar a experiência bem fotorrealista. Para completar, a performance é impecável: 30 fps sem nenhum tipo de queda.

undefinedOs visuais do jogo são incríveis

Simples demais, sem variedade e com bugs

Agora vamos aos pontos que pesaram no Beta, pois eles não são poucos nem irrelevantes. Vamos ao primeiro: se a experiência plena de For Honor for a que observamos na versão de testes, o jogo corre o risco de se tornar enjoativo. Os combates são legais, mas em meia hora você consegue dominar o estilo de luta de um personagem.

Claro, há mais oito para usar, mas, no geral, a dinâmica acaba ficando um pouco cansativa depois de um tempo. Mesmo com três modos de jogo, parece que o gameplay varia muito pouco, dando a impressão de que quase não há variedade. Por fim, fica a dúvida: será que os próximos heróis serão distribuídos de graça? Provavelmente não, pois o season pass já tem preço. Todos os aprimoramentos, equipamentos e armas custam bem mais caro que a recompensa por vitória (derrotas não dão dinheiro), criando uma progressão lenta e que pode dar margem a microtransações chatas.

undefinedSeason Pass trará o que o jogo precisa para ser completo?

Para completar, a versão Beta trouxe alguns bugs irritantes, principalmente na hora de encontrar partidas. Diversas vezes eu estava em um time completo para jogar uma partida de Domínio, a sala enchia e nada acontecia. Nem voltar ao menu era possível, me obrigando a fechar e abrir de novo a aplicação. Problemas como esse foram recorrentes, mas podem ser arrumados até a versão final.

A progressão do jogo é lenta e os extras são caros, algo que pode acabar forçando microtransações

Um jogo ou um passatempo?

O título parece agressivo, mas é a maior forma de tentar explicar as impressões de For Honor pelo Beta. Primeiramente, não vamos confundir as coisas: eu gostei do jogo, de verdade. Eu tenho dezenas de horas em Chivalry: Medieval Warfare e For Honor é um dos games que me empolgam em 2017.

O combate de For Honor é bem-feito, mesmo que mais simplificado, e os gráficos são bem bacanas, mas as partes positivas acabam por aí. A verdade nua e crua é que, pelo tempo que joguei, nunca consegui levar For Honor a sério, salvo raros momentos. Por todos os dias em que ele esteve aberto para testes, o game sempre foi um “aquecimento” para a minha jogatina, algumas partidinhas antes de um Yakuza 0 ou Resident Evil 7.

undefinedO jogo pode acabar sendo simples demais

Veja bem: ele foi viciante, mas não um viciante de horas sem parar – é mais como uma partida de Candy Crush em um passatempo qualquer. Mesmo no modo Domínio, há pouco que se fazer, se assemelhando aos duelos, mas de forma mais bagunçada e com escala maior. Como comparativo, veja Chivalry: o game tem verdadeiras “mini-campanhas” que forçam o jogador a invadir castelos, divididos em diversos pontos de controle e com muitas opções estratégicas.

Em alguns momentos, tive duelos bem balanceados e contra jogadores que deixaram a fórmula mais interessante e temperada pelo dinamismo da batalha e aleatoriedade. No demais, pratiquei umas habilidades ou outras, testei personagens e foi isso. O modo Domínio não supriu a grandiosidade que o jogo poderia ter e, por mais divertidos que alguns duelos tenham sido, não ofereceram variedade e quantidade de conteúdo suficientes para durar um longo tempo.

For Honor não é ruim e tem um combate viciante, mas a falta de conteúdo pode torná-lo mais um passatempo do que um jogo completo

Se For Honor se tornar o que está aparentando, ele pode seguir um rumo igual ou ainda pior que o de Rainbow Six: Siege, por exemplo, que teve um começo relativamente mais fraco do que a expectativa, mas ficou muito forte e competitivo ao longo do tempo. A verdade é que o título é incerto sobre si mesmo: se trata de um jogo multiplayer online, uma experiência que pretende virar um título de peso no eSports ou uma diversão casual?

No geral, ele pareceu um jogo mais casual do que pretendia ser, com gameplay mais simples do que o esperado e com conteúdo reduzido. Se para ter uma experiência mais completa será preciso comprar o season pass, descobriremos só no lançamento do game. Por ora, For Honor me conquistou, me viciou e me deixou com um pé atrás.

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Fontes

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