CEO da Tripwire que defendeu lei antiaborto nos EUA é demitido

Por Carlos Palmeira

08/09/2021 - 07:302 min de leitura

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Depois de defender uma lei antiaborto do estado do Texas, nos Estados Unidos (EUA), John Gibson foi demitido do cargo de CEO da Tripwire Interactive, empresa que publicou os jogos Maneater e Chivalry 2. A decisão foi anunciada pela companhia no começo desta semana.

Em comunicado, a publisher e desenvolvedora disse que as falas de Gibson eram pessoais e não refletiam o posicionamento da marca. “Seus comentários desconsideram os valores de toda a nossa equipe, de nossos parceiros e de grande parte de nossa comunidade em geral. Nossa equipe de liderança na Tripwire lamenta profundamente e está unida em nosso compromisso de agir com rapidez e promover um ambiente mais positivo”, segundo um trecho do texto.

Além disso, conforme o posicionamento adotado, explicou-se que Gibson foi retirado do cargo e Alan Wilson, cofundador e vice-presidente da empresa, assumirá como CEO interino. Wilson está na companhia desde 2005, quando ela foi fundada, e nesse primeiro momento promoverá diálogos entre as lideranças e os funcionários.

“Sua compreensão da cultura da empresa e da visão criativa de nossos jogos conduzirão a equipe durante essa transição, com total apoio dos outros líderes da Tripwire”, de acordo com a argumentação da empresa.

Sobre o caso

No começo deste mês, setembro, a Suprema Corte dos Estados Unidos se recusou a bloquear uma lei aprovada no Texas que dificulta o aborto. De acordo com o texto da medida, fica proibido o aborto de fetos que tenham mais de 6 semanas, mesmo em casos de incesto ou estupro.

Além disso, a nova regra é polêmica porque criou espécies de “fiscais públicos”, já que qualquer pessoa poderá denunciar e processar agentes de saúde que executarem o aborto de uma mulher depois da 6ª semana de gravidez.

O assunto gerou bastante polêmica e também repercussão no mundo dos games. John Gibson ainda era CEO da Tripwire quando publicou em seu Twitter, no último sábado (04), que estava “orgulhoso” da Suprema Corte do país por não ter bloqueado a lei proibindo o “aborto de bebês com batimento cardíaco”.

“Como artista, não sou político com frequência. Ainda assim, com tantos colegas vocais do outro lado dessa questão, eu senti que era importante registrar-me como um desenvolvedor de jogos pró-vida”, ele disse.

O comentário acabou gerando bastante repercussão na indústria, sendo que até Cory Barlog, diretor de God of War, respondeu a Gibson: “Sério, como alguém pode estar orgulhoso de reivindicar domínio sobre as liberdades pessoais de mulheres?”.

Logo um dia após a postagem de Gibson, o Shipwright Studios, que realiza trabalhos de coprodução com a Tripwire, divulgou uma carta pública dizendo que estava cancelando os contratos com a empresa do então CEO.

Gibson ainda não se posicionou no Twitter depois que sua demissão como CEO da Tripwire Interactive foi anunciada.


Por Carlos Palmeira

Especialista em Redator

Paulistano, corintiano e pedestre desde 1993. Jornalista formado pela Universidade Federal de Mato Grosso, escrevo sobre games, tecnologia, ciência e cultura pop. Fã de Red Hot Chili Peppers e apaixonado por maracujá, pão de queijo e rap.


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Fontes

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