Mantenha o ritmo para matar os inimigos neste roguelike impiedoso

Por Homero Meyer

01/05/2015 - 07:595 min de leitura

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Crypt of the Necrodancer é um jogo que estava em Early Access desde 2014, mas que finalmente recebeu sua versão final em 23 de abril deste ano, com novos personagens, mapas, oponentes e cutscenes. Ele tem uma proposta curiosa para trazer um novo fôlego aos roguelikes: adiciona ritmo às masmorras geradas aleatoriamente, e é preciso seguir o compasso para não ser atropelado pelos oponentes.

A história principal gira em torno de Cadence, uma jovem aventureira que entra na cripta em busca de respostas sobre o passado de sua família e o destino de seu pai. Ela precisa explorar quatro zonas, cada uma repleta de inimigos e armadilhas, para completar a jornada.

Cada tipo de inimigo tem uma coreografia diferente que você precisa aprender, ou a falta de gingado pode ser muito mais frustrante que uma simples pisada no pé do parceiro de dança. O jogo é impiedoso e pune severamente qualquer erro, exigindo que o jogador faça diversas tentativas antes de dominar os padrões e armadilhas de cada fase.

Apertar botões desesperadamente não faz com que os personagens andem mais rápido, apenas os faz perderem o ritmo, deixando a heroína imóvel e totalmente suscetível aos golpes vindos dos inimigos.

Procurar padrões na aleatoriedade

Como qualquer roguelike, Crypt of the Necrodancer traz calabouços aleatórios e itens que variam a cada partida, porém um detalhe é constante no jogo: a coreografia dos monstros. O ritmo permanece sempre o mesmo, apenas o caminho percorrido pode variar de acordo com os passos e golpes da heroína.

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Todos os monstros têm alguma brecha que permite que o jogador ataque sem levar dano, mas é preciso se posicionar corretamente e ter um timing perfeito. As animações dos inimigos dão a dica de o que eles vão fazer em seguida: atacar ou dar abertura para receber um ataque. É uma dança de salão em que você precisa lidar não apenas com o seu par, mas também com a posição do seu corpo e com o gingado das outras criaturas em volta.

Dança com monstros

Depois de aprender a movimentação de cada inimigo, é preciso aprender a coordenar vários parceiros-inimigos de dança simultaneamente. Os níveis não são simples corredores, então a probabilidade de se deparar com vários bichos ao mesmo tempo e ser encurralado por eles é bem alta.

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Para dificultar ainda mais, a protagonista começa cada partida com poucos itens para se defender: os próprios pés, para manter o ritmo; uma adaga bem fraca, para atacar os seus oponentes; e uma pá, para abrir novos caminhos e descobrir itens escondidos nas paredes.

Entre os itens que podem ser encontrados em baús e paredes estão ouro, bombas, armas, equipamentos de defesa, alimentos para regeneração de hit points, diamantes que permitem a compra de upgrades permanentes e chaves para libertar novos vendedores para o lobby.

Procurando upgrades e resgatando vendedores

Para fazer com que o jogador explore cada uma das diferentes armas e tenha tempo de se acostumar com efeitos diferentes, além de aumentar a vontade de jogar novamente, o game faz com que todo o conteúdo de armas e vendedores seja revelado aos poucos, conforme os NPCs são resgatados das masmorras.

Depois de liberar algum novo personagem não jogável, é possível usar os diamantes encontrados nos calabouços para comprar upgrades que podem ser permanentes ou itens que podem sair de baús durante as partidas.

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Como a protagonista não sobe de nível, e cada uma das armas tem um modo de uso e bônus completamente distinto, esta é uma boa maneira de sempre apresentar novidades para o jogador e tornar o gameplay mais variado e divertido, além de dar mais tempo para testar equipamentos diferentes.

Tenebroso e adorável

O visual escolhido é extremamente charmoso e se junta a outros roguelikes pixelados aclamados pela crítica e pelo público, como Risk of Rain e Rogue Legacy, para mostrar ao mundo que um gráfico minimalista pode sim fazer parte de um jogo de alta qualidade.

Cada detalhe é extremamente caprichado, com monstros variados e cenários bem diferentes entre si. Os pixels estourados só ajudam a lembrar da dificuldade cruel dos games de décadas passadas.

O coração da cripta

Um dos detalhes mais marcantes de Crypt of the Necrodancer é a trilha sonora de Danny Baranowsky, o compositor de trilhas de jogos como Super Meat Boy, Binding of Isaac e Canabalt. Elas conseguem soar únicas, variadas, sem deixar de parecer que pertencem ao mesmo conjunto.

As músicas empolgam tanto que é difícil tirá-las da cabeça mesmo depois de parar de jogar. Elas têm uma cadência bastante agitada, ficam cada vez mais frenéticas, evoluindo junto com a dificuldade de cada nível. E, caso você prefira uma experiência mais personalizada, pode adicionar suas próprias músicas ao jogo.

A dublagem de Elspeth Eastman, voz da Tristana de League of Legends (em inglês), também tem um toque muito especial que confere mais emoção às cutscenes que dão mais detalhes sobre as origens da cripta e da jornada de Cadence.

Cadence, Melody e Aria

Apesar de a protagonista de Crypt of the Necrodancer ser a Cadence, o modo história só é completado após você terminar o game também com duas antepassadas da heroína: Melody e Aria. Três gerações da mesma família unidas – ou separadas, depende do ponto de vista – por um artefato amaldiçoado: um alaúde dourado.

A jogabilidade de cada uma dessas mulheres é completamente diferente. Cadence, a mais jovem e a última a partir em busca de respostas a respeito do tal objeto fantástico, tem o estilo de jogo mais “normal” entre todos os personagens. Ela pode usar praticamente qualquer item e só precisa seguir o compasso da música.

Melody, que sabe melhor os riscos que o alaúde representa, usa justamente o artefato mágico nas lutas e, se tentar trocar por outra arma, é imediatamente penalizada por sua covardia e morre sem ter chance de desfazer a escolha.

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Aria, a primeira da família a tentar destruir o instrumento musical amaldiçoado, tem menos pontos de vida, só pode usar uma adaga para atacar e enfrenta um game over até se, por acaso, perder o ritmo.

Personagens diferentes, desafios variados

Além das três protagonistas que fazem parte da história principal de Crypt of the Necrodancer, o jogo traz outras opções de heróis, cada um com suas vantagens e desvantagens.

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O bardo é o personagem ideal para quem não consegue manter muito bem o compasso. Ele não é influenciado pela maldição que assola a cripta, então os monstros se movem de acordo com o ritmo dos passos desse herói.

Dove é uma pacifista. Com um chapéu ornado por uma pomba da paz, ela traz apenas uma flor para atordoar os inimigos, bombas que fazem com que os vilões se teletransportem e a pá mais eficiente do jogo. O objetivo dela é apenas tentar fugir pelas saídas que, por sorte, já estão previamente liberadas, não sendo necessário derrotar um miniboss, como no caso dos outros personagens.

O monge fez um voto de pobreza, porém, para compensar o esforço, ganha itens de graça na loja de cada nível. Infelizmente, ele não pode sequer tocar nas moedas que caem dos monstros. Caso o personagem tente pegar o ouro, mesmo que acidentalmente, a morte é instantânea, como forma de punição pela cobiça.

Cumprindo certos pré-requisitos é possível desbloquear outros personagens, como Dorian, Eli, Bolt e Coda. Este último, segundo os desenvolvedores, é quem traz mais desvantagens para o jogador, e alguns duvidam que seja possível terminar o jogo com ele devido à dificuldade elevada.

Cada boss no seu quadrado

Ao final de cada zona, The Crypt of the Necrodancer apresenta um chefe aleatório com uma música em uma batida totalmente diferente das fases anteriores. Cada um deles é baseado em um ritmo e tem um nome que faz um trocadilho com um gênero musical.

O King Konga, por exemplo, é um inimigo macaco que controla uma fila de conga composta por zumbis, enquanto o Deep Blues faz uma piada com o computador campeão de xadrez, Deep Blue, e o blues.

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Ao final da zona 4, o jogador se depara com desafios que variam de acordo com o personagem escolhido. A resolução da história da Cadence, Melody e Aria envolve resolver puzzles e derrotar chefões relacionados às pendências de cada uma delas.

Dance, ataque, morra, tente outro modo

Diferentes modos ajudam a dominar completamente os passos de cada luta e as possibilidades de cada equipamento. No saguão de escolha de zonas, depois de resgatar o Weaponmaster, é possível escolher armas distintas para lutar contra os monstros comuns do Beastmaster ou chefes e minichefes do Bossmaster.

Para quem gosta mais de dançar coladinho com outra pessoa, o modo cooperativo local é uma proposta divertida e bem interessante para testar a sinergia da dupla e a habilidade de trabalhar em equipe.

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Crypt of the Necrodancer traz também desafios diários para competir contra jogadores do mundo todo em um mapa fixo, um modo com todas as zonas em sequência para explorar novos desafios após terminar o game e outro com todos os personagens, que força o jogador a encarar as limitações diversas de cada um dos heróis.

E se você é um dos fãs de DDR que por acaso têm um tapetinho sobrando em casa, o jogo traz também um modo mais fácil para ser explorado com o dance pad.

Dance como se sua vida dependesse disso

Crypt of the Necrodancer traz a dificuldade de jogos antigos, mas com um gameplay simples que pode atrair mesmo quem não teve nenhum contato com títulos de décadas passadas. Ele ensina calmamente os passos básicos, mas deixa por conta das habilidades do jogador o domínio completo da cadência de cada uma das músicas e dos parceiros-inimigos na pista de dança.

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Fontes

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