Review: Xperia M4 Aqua [vídeo]

Por Felipe Gugelmin Valente

16/07/2015 - 10:017 min de leitura

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Anunciado em março deste ano, durante o MWC 2015, o Xperia M4 Aqua é a mais recente adição da Sony à sua linha de aparelhos intermediários. Na tentativa de chamar atenção do público, a companhia apostou em um hardware ligeiramente mais poderoso do que o de seus concorrentes diretos e em atributos trazidos diretamente de seus smartphones top de linha.

Apresentando a resistência à água e à poeira que já se tornaram características da companhia, o produto acompanha o chipset Snapdragon 615 e uma bateria capaz de oferecer até dois dias de uso contínuo. Com um design atraente, o dispositivo chega ao mercado com o objetivo de competir com nomes como o Moto G e o HTC One E9+.

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Design

Em um primeiro olhar, é difícil não confundir o Xperia M4 Aqua com o Xperia Z3 Compact devido à grande semelhança entre os dispositivos. Adotando o já conhecido design OmniBalance, o smartphone intermediário se diferencia do modelo top de linha em alguns detalhes.

O Xperia M4 Aqua apresenta painéis de vidro que revestem sua parte frontal e sua traseira. A direita do aparelho concentra o botão Power na cor prateada, o controlador de volume e um botão dedicado à captura de fotografias. A saída de som mono é localizada na parte inferior, decisão que traz consigo alguns problemas .

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Apesar de ainda possuir proteções removíveis que impedem que a água entre em contato com os cartões SIM e com o cartão micro SD, a mesma solução não é usada sobre o conector micro USB. Revestida por um material especial, essa parte surge de forma acessível, o que facilita a realização de recargas e a conexão com computadores.

Com 7,3 milímetros de espessura, o dispositivo é ligeiramente mais grosso do que o Xperia Z3 Compact. No entanto, isso não impede que ele se encaixe bem na mão do usuário e se torne um produto bastante adequado para quem deseja acessar todas as áreas da tela usando somente um dedo.

Um aspecto que incomoda um pouco é o ligeiro desnível entre a proteção lateral feita em plástico e o painel em vidro da parte inferior. Passar os dedos por essa área gera uma sensação desagradável ao tato, e essa característica parece denotar certa falta de cuidado da Sony no acabamento do aparelho.

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Por fim, o Xperia M4 Aqua traz resistência à exposição direta à água e à poeira, características que garantem uma proteção extra contra acidentes. O botão dedicado à câmera fotográfica surge como um destaque nesse caso, visto o fato de ele possibilitar a captura de imagens subaquáticas ou em dias chuvosos — situações nas quais a tela do aparelho pode ficar pouco responsiva.

Tela

Com tamanho de 5 polegadas e resolução 720p (1280x720 pixels), a tela do Xperia M4 Aqua se equipara à de outros smartphones intermediários disponíveis no mercado. O display do aparelho trabalha com níveis de brilho intensos e possui tecnologias que se adaptam automaticamente à luminosidade ambiente.

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Embora perca certa visibilidade em locais externos, o smartphone não chega a ficar inutilizável quando exposto a fontes de luz que incidem diretamente sobre ele. Os ângulos de visualização também são competentes, o que assegura que você não vai ter que ficar “lutando” com o dispositivo para conseguir enxergar elementos em um dia ensolarado, por exemplo.

Mesmo não tendo a maior resolução do mercado, a tela é mais do que adequada para assistir a vídeos, aproveitar games ou ler textos. Uma vantagem nesse sentido é o modo opcional que permite utilizar o produto usando luvas, característica que também está presente em outros modelos fabricados pela Sony.

Áudio

Caso você pretenda usar o Xperia M4 Aqua para escutar músicas, é bom ter em mãos um fone de ouvido. A saída de som mono do aparelho possui uma qualidade bastante baixa, mesmo levando em consideração que estamos lidando com um dispositivo portátil. Reproduzir sons através dela é um processo que ocorre de forma pouco definida e repleta de distorções notáveis.

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Também não ajuda o fato de a Sony ter posicionado essa saída na parte inferior do dispositivo, visto que isso gera uma série de problemas. O mais evidente deles acontece quando você decide usar o smartphone para jogar — na maioria dos games reproduzidos em modo retrato, sua mão vai recobrir a área de maneira instintiva, impedindo-o de ouvir qualquer efeito ou trilha sonora.

Dessa forma, para aproveitar recursos como o Clear Audio+ e o Clear Bass, é indispensável usar um fone de ouvido ou conectar o dispositivo a alguma fonte de áudio externa. Assim como o Xperia Z2 e o Xperia Z3, o M4 Aqua é compatível com os fones com cancelamento de ruídos produzidos pela Sony, que devem ser adquiridos à parte.

Interface

O Xperia M4 Aqua acompanha o Android 5.0 Lollipop de fábrica, que vem personalizado com a interface proprietária Xperia UI. As modificações realizadas pela Sony são bastante leves, sendo constituídas principalmente pelo tamanho de exibição dos ícones e pelas opções de reorganização de aplicativos.

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Um aspecto que pode incomodar é o número excessivo de “bloatwares” — apps indesejados pré-instalados — que acompanham o smartphone. Além de preencher a memória com softwares proprietários como PlayStation, Campo Sony e PS Video, a empresa também apostou nos jogos Homem-Aranha, Danger Dash e Plants VS Zombies, entre outros.

O modelo nacional de 16 GB (contra os 8 GB da versão internacional) não sofre tanto por conta disso, mas é preciso fazer uma verdadeira limpa no smartphone para ter uma boa experiência de uso — infelizmente, muitos dos aplicativos inclusos pela Sony não podem ser removidos.

A fabricante compensa de certa forma ao oferecer diversas opções de personalização a quem aposta na compra do aparelho. Além dos diversos temas já presentes na memória, é possível adquirir novas opções totalmente gratuitas através do Google Play mediante uma conexão com a internet.

Desempenho

Não temos do que reclamar do desempenho do Xperia M4 Aqua, ainda mais levando em consideração que estamos lidando com um smartphone com características intermediárias. Mesmo não sendo o chipset mais poderoso do mercado, o Snapdragon 615 dá conta de realizar tanto tarefas cotidianas quanto funções que exigem uma maior capacidade computacional.

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Durante nossos testes, o dispositivo nunca chegou a travar nem deixou de realizar qualquer tarefa que desejamos. No entanto, ele deu algumas “engasgadas” durante a transição entre diferentes telas e demora um pouco para registrar imagens com o app de fotografia — algo que atribuímos mais ao software da Sony do que ao hardware em si.

Quem gosta de jogar não vai ter problema algum com o smartphone, que tem poder de fogo suficiente para lidar bem com títulos que são considerados relativamente pesados. Jogos como Mortal Kombat X e Epoch 2 rodam de maneira competente, embora o tempo de carregamento seja ligeiramente maior do que se estivéssemos usando um produto top de linha.

Benchmarks

Durante nossa análise, submetemos o Xperia M4 Aqua a cinco aplicativos de benchmark para medir o potencial de seu hardware. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 5, Basemark X, GFX Bench (T-Rex HD Off Screen e T-Rex HD On Screen) e Vellamo Mobile Benchmark (HTML 5 e Metal).

3D Mark (Ice Storm Unlimited)

Desenvolvido pela 3D Mark, o teste Ice Storm Unlimited é usado para fazer a comparação direta entre processadores e GPUs. Entre os fatores que pesam no resultado final está a resolução do display do aparelho testado. Quanto maior a pontuação obtida, maior é o desempenho do smartphone.

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AnTuTu Benchmark 5

O AnTuTu faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM, característica que ajudou o software a se tornar uma das opções mais consagradas da categoria — os resultados obtidos são somados e geram uma pontuação final única. Quanto maior o resultado, melhor é a performance do produto.

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Basemark X

Com foco principal na medição da qualidade gráfica de dispositivos, o Basemark X é baseado na Unity 4 e aplica testes de alta densidade para determinar qual dispositivo se sai melhor na execução de jogos. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho demonstrado.

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GFX Bench (T-Rex HD)

O GXF Bench tem como objetivo medir a qualidade gráfica. Para isso, ele leva em consideração itens como estabilidade de desempenho, qualidade de renderização e consumo de energia. Os resultados são exibidos em médias de quadros por segundo (fps). Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

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Vellamo Mobile Benchmark

O Vellamo Mobile Benchmark trabalha com dois testes: HTML5 e Metal. O primeiro avalia o desempenho do celular no acesso direto à internet via navegador. Já o segundo indica através de sua pontuação final a performance do processador utilizado. Quanto maior o número exibido, melhor é o desempenho do hardware.

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Bateria

Não se deixe enganar pela capacidade de 2.400 mAh do Xperia M4 Aqua: graças à engenharia de software da Sony, o dispositivo pode ficar um longo tempo longe da tomada, contanto que seja usado de forma moderada. Caso você só use o celular para checar mensagens de voz, ler poucos textos ou conferir redes sociais, o tempo de uso do aparelho chega a dois dias com uma única recarga.

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Para ampliar esse tempo, a Sony também incluiu os modos STAMINA e Ultra STAMINA, que fizeram sua estreia em seus aparelhos top de linha. Essas opções desligam recursos que não são considerados essenciais para permitir um prolongamento da bateria disponível — solução especialmente útil quando você está aguardando uma ligação e sabe que não vai ter uma tomada à disposição tão cedo.

Em nossos testes, conseguimos drenar 100% da carga do Xperia M4 Aqua em pouco mais de 4 horas e meia — isso com o brilho da tela em sua capacidade máxima, WiFi ligado e com a execução de um vídeo em HD no YouTube. A marca é semelhante à obtida por modelos como o LG Prime Plus e o Motorola Moto G (versão 2014).

Câmeras

Embora seja uma opção adequada para registrar fotos que vão ser compartilhadas em redes sociais ou usadas para guardar lembranças de momentos importantes, o Xperia M4 Aqua não é adequado a quem procura uma experiência mais profissional. A lente principal de 13 megapixels captura imagens que pecam pelo baixo contraste e que tendem a exibir uma quantidade menor de detalhes em suas laterais.

Além disso, o dispositivo é propenso a registrar imagens com tons ligeiramente roxos, o que deixa claros alguns problemas em seu equilíbrio de cores — característica que se torna especialmente evidente no modo automático. Embora ofereça uma série de ajustes manuais, nenhum deles consegue acabar com os problemas apresentados pelo aparelho.

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Outra quatão está relacionada à demora no acionamento do aplicativo de fotografia e ao tempo que o dispositivo leva para registrar imagens — algo notável mesmo quando o armazenamento interno é usado. Embora não chegue a ser um grande incômodo, essa característica pode fazer com que você perca momentos que exigem uma maior velocidade de captura.

Em compensação, a câmera frontal surge como uma boa surpresa, especialmente para quem é adepto das selfies. A lente com capacidade de 5 megapixels é uma boa opção para a realização de chamadas de vídeo, assim como para registrar imagens de seu rosto. No entanto, a falta de um flash dedicado faz com que seja necessário estar em ambientes bem iluminados para realmente aproveitar esse recurso.

Vale a pena?

O Xperia M4 Aqua é um smartphone interessante, mesmo que um tanto estranho em certos pontos. Enquanto seu hardware claramente está à frente do de outros competidores considerados intermediários, o dispositivo faz sacrifícios claros em quesitos importantes, como qualidade de áudio e captura de fotografias e vídeos.

Com um visual atraente, boa ergonomia e uma bateria com duração invejável, o dispositivo é uma ótima opção frente a concorrentes menos poderosos, como o Moto G (e até mesmo o Moto X). No entanto, o produto sofre com um aspecto que lhe é bastante prejudicial: seu posicionamento de mercado.

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Vendido no exterior como um produto intermediário, o Xperia M4 Aqua chegou ao Brasil com posicionamento — e custo — de um aparelho top de linha. Pelo preço sugerido de R$ 1,5 mil (que chega a R$ 1,3 mil em algumas lojas), ele é mais caro do que o próprio Xperia Z3 Compact ou do que o Xperia Z2 — modelos mais antigos, mas que demonstram capacidades mais completas.

Como faz pouco sentido gastar mais para obter uma experiência de uso menos completa, é difícil recomendar o smartphone da Sony em seu valor atual. Podendo ser considerado um aparelho que fica entre o intermediário e o top de linha, o principal inimigo do produto é o meio-ambiente do mercado brasileiro atual, no qual ele não parece se encaixar muito bem.

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Por Felipe Gugelmin Valente

Especialista em Redator

Redator freelancer com mais de uma década de experiência em sites de tecnologia, já tendo passado pelo Adrenaline, Mundo Conectado, TecMundo, Voxel, Meu PlayStation, Critical Hits e Combo Infinito.


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