No início de abril de 2025, pesquisadores da empresa Colossal Biosciences anunciaram que teriam conseguido "reviver" o lobo-terrível, uma espécie extinta há mais de dez mil anos. Na ocasião, diversos cientistas e portais de divulgação científica criticaram o estudo, afirmando que seria improvável "reviver" esse animal extinto.
Apesar da informação incorreta, muitos sites divulgaram a notícia como se os lobos gigantes extintos tivessem realmente sido revividos. A maioria dos críticos da Colossal Biosciences afirmou que, provavelmente, o experimento se tratava apenas de clones de lobos-cinzentos com alguns genes modificados.
Em uma nova mensagem, a cientista-chefe da companhia, Beth Shapiro, confirmou que o lobo-terrível realmente não foi revivido. Em entrevista ao site New Scientist, ela explicou que é impossível trazer de volta um animal extinto de forma completamente idêntica ao que era em seu habitat natural — essa espécie foi extinta há mais de dez mil anos.
A pesquisadora confirmou que os animais mencionados no comunicado da Colossal são, de fato, lobos-cinzentos que passaram por 20 modificações genéticas. Ela também explicou que eles foram chamados de lobos-terríveis de forma coloquial, e não porque realmente sejam esses animais.
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“Não é possível trazer de volta algo idêntico a uma espécie que costumava existir. Nossos animais são lobos cinzentos com 20 edições clonadas. E dissemos isso desde o início. Coloquialmente, eles os chamam de lobos terríveis e isso deixa as pessoas furiosas”, disse Shapiro na entrevista.
Em uma publicação recente no X (antigo Twitter), a companhia afirma que tem o objetivo de proteger e preservar a biodiversidade da Terra por meio do desenvolvimento de tecnologias genéticas que ampliem as chances de conservação.
Lobo cinzento e lobo-terrível
Na época do primeiro comunicado, os cientistas afirmaram que se os animais ‘se parecem com o lobo-terrível, então eles são lobos-terríveis’. Contudo, ainda há um debate na comunidade científica sobre a verdadeira aparência desse animal.
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Enquanto algumas evidências indicam que ele tinha pelagem branca, como mostraram as fotos divulgadas dos lobos “revividos”, outras apontam que sua cor poderia ser avermelhada.
Apesar de Shapiro afirmar que a Colossal Biosciences deixou claro que os animais são lobos-cinzentos geneticamente modificados, na época das críticas a empresa publicou um comunicado com outra posição. Nele, a companhia afirmava que mantinha a decisão de chamar os espécimes de lobos pré-históricos, em referência ao extinto lobo-terrível.
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“Então eles nos dizem, mas são apenas lobos cinzentos com 20 edições. Mas a questão é que dissemos isso desde o início. São lobos cinzentos com 20 edições”, disse Shapiro em referência as críticas.
Em mensagem à New Scientist, o cientista Richard Grenyer, da Universidade de Oxford, explicou que a nova declaração da cientista-chefe da Colossal é bem diferente do que a empresa havia afirmado anteriormente. O estudioso diz que eles comunicaram ter trazido o lobo-terrível de volta à vida, mas que isso não condiz com a verdade.
“Acho que há uma séria inconsistência entre o conteúdo da declaração e as ações e o material publicitário – incluindo o conteúdo padrão do site, não apenas a coletiva de imprensa sobre o lobo terrível – da empresa”, disse Grenyer.
O uso de técnicas avançadas em genética e paleontologia tem revelado detalhes surpreendentes sobre espécies extintas e preservadas ao longo do tempo. Quer saber mais? Entenda como um lobo mumificado de 44 mil anos encontrado no permafrost da Sibéria pode conter bactérias vivas. Até a próxima!