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Está na hora de mudar o treino? Descubra como reconhecer os 5 sinais

Do entusiasmo à desistência: conheça os sinais de que você pode, estar perdendo o pique na hora do treino.

Avatar do(a) autor(a): Fábio Dominski

31/05/2025, às 18:00

Atualizado em 02/06/2025, às 08:56

Está na hora de mudar o treino? Descubra como reconhecer os 5 sinais

O envolvimento com exercícios físicos pode ter basicamente dois cenários: um animador e outro desanimador, marcado pela desistência

O primeiro, caracterizado pelo entusiasmo devido a inúmeras novidades – novas pessoas, espaços, rotina, atividades e resultados, é contrastante em relação ao segundo, em que predominam alguns sinais, que são o ingresso para a volta ao sofá, ou seja, a inatividade física.  

Conheça as 5 principais red flags do treinamento e evite a desistência

Cansaço

Há uma linha tênue entre se exercitar e se sentir energizado ou cansado para o restante do dia. Esse resultado depende da dose de exercício, ou seja, volume e intensidade – o quanto fazemos e quão dispendioso é o esforço aplicado, respectivamente. 

Além disso, o nível de condicionamento físico da pessoa é determinante. A imensa maioria das pessoas não tem como ocupação principal praticar exercícios, possuindo inúmeras atividades ao longo do dia. Não faz sentido sacrificar a qualidade delas, ao exagerar no exercício.

Praticante de musculação há 20 anos, Rafael conta que "Sempre busquei priorizar treinos noturnos, seja por me sentir mais disposto, por usar os treinos como forma de terapia depois de um dia cansativo ou por usar o exercício físico como sistema de recompensa ao cumprir as metas diárias. 

Devido a mudanças na rotina, precisei mudar os treinos para o período matinal. No entanto, percebi que, ao longo do tempo, o cansaço acumulado afetava minha produtividade e bem-estar durante o restante do dia. 

Essa fadiga me levou a refletir se estava valendo a pena manter a atividade física. Necessitei ajustar os treinos matinais; e, com os ajustes, consegui encontrar um equilíbrio que me permite manter a prática de atividades físicas sem comprometer outras áreas da minha vida."

Dor muscular em excesso

Sem dúvida, um dos primeiros resultados de uma sessão de exercícios para os marinheiros de primeira viagem, como uma corrida ou musculação, é dor muscular. Chamamos de dor muscular de início tardio, aquela dor nos músculos que aparece um dia após o exercício, tendo seu pico de dor 48 horas após o esforço

Para muitos, ela é um pré-requisito para os resultados, o que é desbancado pela ciência, que vai contra o mantra “no pain, no gain”. Quando a dor nos dias seguintes nos impede de fazer atividades comuns do dia a dia, como se sentar no banheiro devido à dor excessiva nos músculos das coxas após um treino de pernas, precisamos repensar.

Honestamente, um dorzinha após o treino às vezes é bom, mas é preciso cuidado no estímulo para que seus movimentos dentro de uma academia, não piorem seus movimentos fora dela, devido principalmente à dor tardia em excesso. Planeje seu treino com um profissional de Educação Física.

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O excesso de dor pode ser um sinal que está na hora, de você mudar de treino ou mesmo diminuir o ritmo e a intensidade da atividade física. (Fonte: Getty Images)

Lesões

O risco de sofrer uma lesão é o risco que assumimos ao se envolver com exercícios. O médico ortopedista Howard Lucks diz que “O exercício é o risco que você corre para evitar os perigos de ficar parado", e eu adiciono "que são mínimos comparados aos esmagadores riscos da inatividade física para sua saúde”.

A fisioterapeuta Thais Siqueira afirma que “as pessoas associam a possibilidade de se machucar ao exercício, mas desconsideram que as dores, disfunções e incapacidades que elas sentem podem estar associadas ao fato de não se exercitarem”.

Novamente, a dose do exercício importa no quesito lesões. Tão importante quanto o estímulo do exercício, é a recuperação. O equilíbrio entre estresse e descanso é fundamental. Mas você não precisa cair na armadilha da indústria fitness, quando o assunto é recuperação pós-treino, que oferece inúmeros dispositivos e estratégias sem suporte científico. 

Aposte no básico: sono, alimentação, controle do estresse e descanso. Além disso, em geral, o melhor comportamento para prevenir lesões é fortalecimento muscular. Faça força para ir longe, ter o exercício vitaliciamente.

Metas dos outros

Parece que muitos praticantes não conseguem ser eles mesmos no mundo fitness, assumindo metas e objetivos de outras pessoas, deixando sua autenticidade no sofá de casa. 

Se as razões para levantar do sofá diariamente e gastar tempo, energia e às vezes dinheiro não forem fortes, significativas e pessoais o suficiente, o controle remoto vai vencer. Se questionar sobre as reais razões pelas quais estamos nos exercitando, é um primeiro passo.   
 

Se inspirar a partir de exemplos externos pode ser motivador, mas criar as próprias metas é ainda mais forte. 


Além disso, é preciso cuidado com a incessante busca por recordes pessoais, alimentada pela busca por likes nas redes sociais. Baixar o pace e aumentar o peso na academia não serão feitos eternos. Portanto, encontrar maneiras de satisfação e percepção de competência durante o processo é necessário.

Tédio

Um dos grandes inimigos do movimento é o tédio. Ao passar pelos primeiros meses de exercício, em que tudo é novidade, as pessoas podem desanimar com a repetição das atividades. 

A mesma rotina composta pelos mesmos exercícios, séries e repetições, pode ser um caminho para o tédio, que comumente acomete praticantes de musculação ou corrida, mas parece que não os de CrossFit, Yoga ou Pilates que tem na variação uma companhia diária.

Estimo que existam pelo menos 1 mil exercícios na musculação. Com tantas opções e respostas individuais diferentes, faz sentido fazer os exercícios que nos sentimos bem, visando manter a agradabilidade e aderência ao ato de se exercitar.

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Cansaço, dor muscular persistente e até mesmo tédio, são sinais que não devem ser ignorados na prática de atividades físicas. (Fonte: Getty Images)

Para a corrida, Nivaldo Kammers – treinador e sócio proprietário de assessoria de corrida, sugere quatro aspectos para quebrar o tédio: ambientes diferentes e agradáveis, combinar o exercício com um amigo/familiar, fazer um jogo de velocidades intercalando entre corrida e recuperação (o treino passa mais rápido) e fazer o percurso estipulado apenas na ida e na volta pegar uma carona.

Alguns inimigos da longevidade no exercício estão no próprio exercício, como cansaço, dor muscular e lesões, causados pelo desequilíbrio provenientes do exagero. Ao adotar metas autênticas e uma boa orientação profissional, provavelmente conseguiremos superar essas dificuldades para seguirmos ativos.

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Fábio Dominski é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos.   
 



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Fábio Dominski

Especialista em Especialista

Fábio Dominski é Doutor em Ciências do Movimento Humano e Graduado em Educação Física - Bacharelado pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. É professor universitário e pesquisador.

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